MASP

Histórias Afro-atlânticas: linguagens em trânsito

30.6.2018
Sáb
10H - 18H
O quarto MASP Professores de 2018, Histórias Afro-atlânticas: linguagens em trânsito, tem como tema as diferentes expressões artísticas que esgarçam as barreiras das artes visuais a partir do corpo, da música e da oralidade. A primeira parte do encontro discutirá o trânsito e a preservação da memória nos movimentos dos corpos e na palavra falada, considerando como a dança e os contos e mitos podem constituir meios de trocas e aprendizagens para o âmbito formal e não-formal da educação. Já a conferência da tarde, tratará das culturas musicais africanas no Brasil. Com a atividade, espera-se apontar ferramentas que contribuam para a abordagem dos diferentes assuntos em sala de aula, promovendo a aplicação da Lei 10.639. 

Programa

10h às 12h30 – Histórias afro-atlânticas: a preservação da memória na dança e na oralidade

Dançar e saber: metáforas aquáticas na afro-diáspora e as possibilidades para re-imaginar a educação.
Na contracorrente do pensamento hegemônico encontramos inúmeras referências intelectuais e formas de interpretar o mundo, oriundas da diáspora negra. O entendimento do corpo enquanto locus de conhecimento integral e potência criativa é ainda uma realidade distante nos diversos contextos educacionais brasileiros. Como os movimentos diaspóricos de idas e vindas podem nos provocar a entender a multiplicidade brasileira? Como a dança pode desafiar conceitos normativos da história e nos ajudar a perceber e confrontar as urgências dos nossos tempos? Essas e outras questões serão discutidas à luz da proposta pedagógica Corpo em Diáspora e dos transbordamentos sugeridos pelas/pelos participantes do encontro.
Com Luciane Ramos Silva (antropóloga, artista da dança e educadora).

Oralidade e construção da memória: a palavra que preserva e resiste. 
Ossain, divindade do panteão afro-brasileiro dos Orixás e que guarda a sabedoria das plantas para curar e renovar, decidiu dividir com seus outros irmãos Orixás essa sabedoria. Mas qual razão leva Ossain a dividir um conhecimento tão poderoso? A mesma razão que mobilizou nossa ancestralidade negra a preservar e dividir sabedorias por meio da arte. Nesta comunicação, vamos investigar os caminhos da oralidade na formação da população negra brasileira e sua contribuição no nascimento e na   resistência da cultura afro-brasileira. 
Com Giselda Perê (artista, educadora e pesquisadora). 

Mediação: Janaína Machado (assessora do programa educativo da Fundação Bienal de São Paulo).


12h30 às 14h: Intervalo para almoço


14h às 15:45 – Conferência: A presença musical africana na iconografia brasileira

Na conferência, Salloma Salomão versará sobre a apreensão dos africanos e afro-brasileiros nas imagens e em textos de viajantes, com foco nas hipóteses que tais imagens podem levantar sobre aspectos musicais do Brasil. Também abordará a hermenêutica da etnicidade em uma produção imagética do negro, partindo da desconstrução de estereótipos estigmatizantes para a análise da documentação das formas expressivas de culturas musicais africanas.
Com Salloma Salomão Jovino da Silva (historiador, pesquisador e músico)

Mediação: Mafuane Oliveira (arte educadora, pesquisadora e contadora de histórias)

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Cronograma do encontro:

10h às 12h30: palestras matinais
12h30 às 14h: horário de almoço
14h às 15h45: conferência
15h45 ás 16h15: café e confraternização
16h15 às 18h: horário de livre visitação das exposições.
*Todxs os participantes ganharão ingressos gratuitos para visitar as exposições até o final do dia.

Participantes

Giselda Pereira é mestranda no Instituto de Artes da UNESP com a pesquisa Os mitos e contos africanos e afro-brasileiros na formação de professores: Uma prática de combate ao racismo e a intolerância religiosa. Artista das áreas do teatro, da narrativa e da música, tem como principal expressão as artes tradicionais da cultura negra.  Educadora desde 2000, já atuou na educação formal e não-formal, pública e privada.

Luciane Ramos é doutora em Artes da Cena e mestre em Antropologia pela UNICAMP. Atua como gestora de projetos no Acervo África, compõe o corpo editorial da revista O Menelick 2Ato e o quadro de professoras da Sala Crisantempo. Tem especialização em diáspora africana pelo David C. Driskell Center for the Study of the African Diaspora (Universidade de Maryland/EUA). Como artista e educadora ministrou cursos e oficinas e se apresentou em diversas instituições dentro e fora do Brasil tais como as Universidades Federais do Acre, Bahia e Minas Gerais; UNITIERRA (Chiapas, México); Duke University; The University of North Carolina e Boston Center for the Arts.

Janaína Machado é bacharel em Língua Portuguesa e Linguística pela Universidade de São Paulo (USP), mediadora cultural e pesquisadora. Pesquisa a construção do discurso negro político nas letras dos Racionais MC´S sob o enfoque da Linguística Sistêmico-Funcional.  Sob sua autoria, publicou a crítica de arte “Marca-dor de Stênio Soares: um corpo denúncia” na Revista Correio das Artes (2016) e o texto “Mulher invisível” na primeira Coletânea de Mulheres do Hip-Hop (Perifeminas 2013).

Salloma Salomão Jovino da Silva é Historiador, Músico e Performer, com 5 CDs lançados pelo selo Aruanda Mundi. É também autor de várias publicações, entre elas, Memórias Sonoras da Noite: Musicalidades africanas no Brasil, nas iconografias do século XIX (Educ, 2002). Possui graduação, mestrado e doutorado em História pela PUC-SP. É professor no Centro Universitário Fundação Santo André e consultor da Secretaria de Educação do Município de São Paulo. Atualmente, pesquisa teatralidades e dramaturgias negras.

Mafuane Oliveira é arte educadora, pesquisadora e contadora de histórias, graduada em Pedagogia pela Faculdade Sumaré.  Criadora da Cia Chaveiroeiro, companhia de narração de histórias tradicionais africanas e luso-afro-ameríndias. Trabalhou como arte educadora no Núcleo de Educação Étnico-racial da SME, e como professora do curso de formação de contadores de histórias do SENAC-SP. Já ministrou cursos sobre oralidade e narração de histórias em Moçambique e em São Tomé e Príncipe. Atualmente é professora e assessora de projetos culturais da be.Living Escola de Educação Bilíngue.