O Brasil é um dos países mais violentos do mundo para quem se identifica como mulher: segundo dados do Relógio da Violência*, a cada 7,2 segundos uma mulher é vítima de agressão física no território nacional. Como a informação sobre o tema é a maior aliada no combate a esse tipo de crime, na edição de agosto do MASP Professores falaremos sobre a violência contra a mulher a partir de diferentes abordagens, considerando suas dimensões físicas, sexuais e psicológicas, nos âmbitos privado e público. Com a atividade, espera-se introduzir noções e apontar caminhos para o tratamento do assunto em espaços de educação, como a escola e a sala de aula.
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Cronograma do encontro:
8h45 às 10h: credenciamento de inscritos
10h às 12h30: palestras matinais
12h30 às 14h: horário de almoço
14h às 15h45: conferência
15h45 às 16h15: café e confraternização
16h15 às 18h: horário de livre visitação às exposições
*Todxs xs participantes ganharão ingresso gratuito para visitar as exposições do museu até o final do dia
Público: professorxs, educadorxs e interessados em geral
Atividade gratuita
Palestras matinais: Suzane Jardim e Thandara Santos, com mediação de Gabriela Moura
Conferência da tarde: Amelinha Telles, com mediação de Natália Néris
10h às 12h30 - Palestras matinais
Palestra 1 - Mulheres: vítimas imperfeitas
A palestra pretende explorar as raízes históricas da violência contra a mulher, focando principalmente na dificuldade de manter a segurança dos corpos femininos pelas vias do direito penal. Traremos elementos para pensarmos estratégias de combate à violência que compreendam as limitações estruturais e que possam ser aplicadas na base de nossa formação enquanto cidadãos.
Por Suzane Jardim, historiadora, maga das redes sociais e pesquisadora em criminologia e questões raciais.
Palestra 2 - O que os dados nos dizem sobre a violência contra a mulher?
Quais as fontes de dados oficiais no Brasil e no mundo sobre a violência contra a mulher? Como podemos medir este fenômeno, e o que as informações disponíveis nos dizem sobre as especificidades dessa violência no Brasil? Como o sistema de segurança pública trata a violência contra as mulheres em nosso país? A partir de sua experiência como pesquisadora no tema, a palestrante abordará as dimensões da violência contra a mulher a partir dos dados públicos disponíveis, apresentando diferentes olhares sobre as vítimas e os perpetradores, e explorando as respostas públicas produzidas pelos sistemas de segurança e de justiça criminal para a questão.
Por Thandara Santos, pesquisadora no campo da segurança pública e sistema de justiça criminal.
Com mediação de Gabriela Moura, comunicóloga especializada em sociopsicologia.
14h às 15h45 - Conferência da tarde: Mulheres na Ditadura Militar - Lutas e Avanços!
As mulheres que se rebelaram contra a ditadura se posicionaram contra a virgindade, a maternidade e a heterossexualidade compulsórias. Tiveram de romper com práticas patriarcais dentro e fora de casa, e contribuíram com o feminismo que viria posteriormente. Muitas foram alvo de violência sexual por parte dos agentes de estado que atuavam nos DOI-Codis, Dops, e em casas clandestinas de extermínio. Havia uma ideia generalizada no meio da repressão de que as mulheres de esquerda, por não cumprirem o papel esperado de “submissas e inseguras”, eram promíscuas e queriam superar os homens nas atividades políticas e militares, o que as tornava muito perigosas, segundo eles. A misoginia e a censura andaram juntas: assuntos referentes às mulheres foram silenciados, sob alegação da defesa da família, moral e bons costumes. Ao denunciarem a violência sexual e estupros, essas mulheres construíram narrativas que politizaram e deram visibilidade à questão, e mostraram que a impunidade de agentes públicos do estado autoriza a manutenção da violência de gênero.
Traremos estas narrativas do passado sob a ótica “de uma lente intergeracional”, tendo em vista o continuum da violência de gênero em nosso país, o que tem mobilizado o protagonismo de jovens que se rebelam e se declaram “vadias” “sapatões”, “transgressoras” - expressões usadas contra nós, hoje reapropriadas, visando atacar a misoginia e o ódio às mulheres, que tem sido destaque na política atual.
Por Amelinha Teles, diretora da União de Mulheres de São Paulo e integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos da Ditadura Militar brasileira.