MASP

Lima Barreto: triste visionário

7.4.2018 Sáb 11h
Inscrições presenciais
Nesta palestra pretende-se refletir, a partir da biografia de Lima Barreto (1881-1922), sobre as feições multifacetadas deste, que é, um intérprete privilegiado do Brasil. Neto de escravizados, o escritor viveu durante o período do pós-abolição, quando a Primeira República prometeu inclusão mas entregou muita exclusão social. Lima, que afirmava fazer uma literatura militante e comprometida com os mais destituídos, realizava também uma literatura negra, não só porque seus personagens eram em grande parte afrodescendentes, como por conta de sua constante e consistente denúncia à discriminação racial existente no país. Nos romances, artigos, contos, diários e cartas, Lima mostrava-se, sempre, comprometido com os problemas sociais de seu contexto. No entanto, biografia não é mero exercício de elevação. A intenção é refletir, também, acerca das ambivalências, contradições e subjetividades deste escritor que não só descreveu, como sofreu com as frustrações de seu contexto. Por fim, entender o gênero da biografia, de maneira crítica, implica ponderar como cada autor indaga seu personagem a partir de questões próprias a seu tempo; temas relacionados à agenda dos direitos civis, neste caso. Estamos nos referindo a marcadores sociais da diferença, como raça, gênero, sexo, região e geração, os quais, devidamente interseccionados, revelaram-se como aspectos fundamentais da literatura e da própria vida de Lima Barreto. No exemplo deste autor, ficção e não ficção muitas vezes coabitam numa fronteira frágil e porosa.

PALESTRANTE

Lilia Moritz Schwarcz

Lilia Moritz Schwarcz é professora titular no Departamento de Antropologia da USP. Foi professora visitante em Oxford, Leiden, Brown, Columbia e Princeton, onde foi professora visitante desde 2010. É autora, entre outros, de Retrato em branco e negro (1987, prêmio APCA), O espetáculo das raças (Companhia das Letras, 1993), Racismo no Brasil (Publifolha, 2001), As barbas do Imperador (1998, Prêmio Jabuti/ Livro do Ano e New York, Farrar Strauss & Giroux, 2004), A longa viagem da biblioteca dos reis (2002),  O sol do Brasil (2008, Prêmio Jabuti categoria biografia 2009), Brasil: uma biografia (com Heloisa Murgel Starling; Companhia das Letras, 2015, indicado dentre os dez melhores livros prêmio Jabuti Ciências Sociais) e Lima Barreto: triste visionário (2017, prêmio APCA). Coordenou, entre outros, o volume 4 da História da Vida Privada no Brasil (1998, Prêmio Jabuti categoria Ciências Humanas 1999) e a História do Brasil Nação (Mapfre/ Objetiva) em 6 volumes (Prêmio APCA, 2011). Publicou com Lucia Stumpf e Carlos Lima A batalha do Avaí (Sextante, 2013, Prêmio ABL), com Adriana Varejão Pérola imperfeita: a história e as histórias na obra de Adriana Varejão (Companhia das Letras, Cobogó, 2014) e com Adriano Pedrosa o catálogo da exposição Histórias Mestiças (Cobogó e Instituto Tomie Ohtake, Jabuti melhor livro de arte 2016). Foi curadora de uma série de exposições —A longa viagem da biblioteca dos reis (Biblioteca Nacional, 2002), Nicolas-Antoine Taunay e seus trópicos tristes (Museu de Belas Artes Rio de Janeiro, Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2008), Histórias mestiças (2015), Traições: Nelson Leirner leitor de si e leitor dos outros (Galeria Vermelho, São Paulo, 2015), Histórias da infância (MASP, 2016), Histórias da sexualidade (MASP, 2017). Desde 2015 atua como curadora adjunta para histórias e narrativas no MASP e é colunista do jornal Nexo.

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Lima Barreto: triste visionário
Data e Horário: 7.4.2018 Sáb 11h
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