O termo Barroco engloba muitos sentidos e contextos artísticos que se desenvolvem entre o século 17 e 18. O acervo do MASP fornece um corpus privilegiado para quem se interessa pelo período, contando com obras que permitem a observação e análise dos principais modelos italianos, e também das expressões em universos tão distintos quanto Flandres, Holanda, Espanha, França, Peru e Brasil. Focando principalmente em pintura, com as necessárias incursões pela escultura e arquitetura, o curso oferecerá aos seus participantes um olhar panorâmico sobre a obra de autores como Caravaggio, Guido Reni, Bernini, Rubens, Van Dyck, Velázquez, Poussin, Rembrandt, Frans Hals - todos presentes, seja em obras da própria mão ou de artistas de seu círculo, na coleção do Museu. Abordaremos a circulação dos modelos europeus nos então territórios coloniais, sempre com atenção às formas de expressão diversas e multiculturais que se produzem nesses contextos. Também nos dedicaremos a importantes artistas mulheres do período, como Artemisia Gentileschi, Elisabetta Sirani, Judith Leyster e Sybilla Merian.
------------
IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.
------------
O MASP, por meio do apoio da VR, oferece bolsas de estudo para professores da rede pública em qualquer nível de ensino.
Aula 1 – 12.8.2024
Introdução
Introdução às discussões acerca do termo “Barroco” na História da Arte. Aspectos importantes do século 17: Roma na Contra-Reforma, o mercado de Arte, as Academias e os gabinetes de curiosidades.
Aula 2 – 19.8.2024
Bologna: os Carracci e Guido Reni
A Accademia dos Carraci. A pintura do “divino” Guido Reni. Elisabetta Sirani, mestra, pintora e gravurista.
Aula 3 - 26.8.2024
Michelangelo da Merisi, o Caravaggio
Obras para os primeiros mecenas de Roma. Capelas Contarelli e Cerasi. Pinturas posteriores em Nápoles, Siracusa, Messina e Malta. A difusão da pintura de Caravaggio.
Aula 4 – 2.9.2024
Artemisia Gentileschi
Período formativo em Roma com Orazio Gentileschi. Período Florentino. Incursão por Londres. A pintura em Nápoles no período e o ateliê de Artemisia.
Aula 5 – 9.9.2024
Bernini e a escultura
As encomendas dos Borghese. O Baldacchino e a Cathedra Petri em São Pedro. A Capela Cornaro em S. Maria della Vittoria. Tumbas papais. A Fonte dos Quatro Rios na Piazza Navona.
Aula 6 – 16.9.2024
Arquitetura: Bernini e Borromini
Bernini e a Praça de São Pedro, Sant’ Andrea al Quirinale e igreja de Castel Gandolfo. Borromini e as Igrejas San Carlo alle Quattro Fontane e Sant`Ivo alla Sapienza.
Aula 7 – 23.9.2024
A grande pintura decorativa barroca e Pietro da Cortona
Pietro da Cortona e os Barberini: a Alegoria da Divina Providência. Os afrescos do Palazzo Pitti, em Florença.
Aula 8 – 30.9.2024
Circulação de modelos entre a Europa e o Brasil - o caso do tratado de Andrea Pozzo - Conferência com Mateus Alves Silva
No final do século 17, o jesuíta Andrea Pozzo publicou seu tratado Perspectiva Pictorum et Architectorum (A perspectiva dos Pintores e dos Arquitetos), obra que pretendia constituir um método fácil para o desenho de perspectiva, tanto em arquitetura quanto em pintura. Esse tratado foi amplamente difundido na Europa, chegando também à América Portuguesa, onde foi apropriado como modelo para a produção artística. Nessa aula apresentaremos uma seleção das obras de Andrea Pozzo, as linhas gerais de seu tratado e a difusão do seu método de perspectiva, com especial atenção aos usos no Brasil e em Minas Gerais em particular.
Aula 9 – 7.10.2024
Barroco na Amazônia: a efervescência do Grão-Pará e os hibridismos culturais entre indígenas, africanos e europeus - Conferência com Mateus Nunes
Nessa aula será abordada a produção da arquitetura e de suas artes aplicadas na Amazônia a partir de algumas referências principais: as oficinas artísticas dos jesuítas, produtoras de obras culturalmente híbridas, que importavam mestres artísticos da Europa e utilizavam mão-de-obra indígena, africana e mestiça, em muitos casos escravizada; a produção do arquiteto bolonhês Antônio José Landi no Pará; e as influências asiáticas na produção de cuias por mulheres indígenas no século 18. Essas dinâmicas de produção eram regidas por novos personagens na política e na monarquia portuguesa, tanto na Colônia quanto na Coroa, no que se chama de “Lisboa pombalina”.
Aula 10 – 14.10.2024
Velásquez
Diego Velázquez e a Espanha do século 17. Obras religiosas em Sevilha. Atuação na corte de Filipe IV, em Madrid. Estudo de caso: Las Meninas e diferentes abordagens metodológicas possíveis da obra de arte
Aula 11 – 21.10.2024
América Latina: México e Peru
Arquitetura Religiosa no México. O Barroco Andino Híbrido. A pintura da escola de Cuzco.
Aula 12 – 28.10.2024
Preto, uma cor: estratégia de persuasão e construção de identidade - Conferência com Joyce Farias de Oliveira
A conferência apresenta como discussão central a iconografia da cor preta através de abordagens sobre a construção da imagem do negro na Idade Moderna, tendo como pano de fundo as estratégias do catolicismo como agente propulsor para instituir representações que correspondessem à ideologia de conversão de negros e negras. Este contexto histórico permite pautar paulatinamente as referências visuais e bibliográficas que determinaram a citada produção artística através de uma breve comparação das mudanças nas representações de negros e negras, constando que o uso da cor preta servia como um dos atributos de identidade visual para representações destes modelos.
Aula 13 – 4.11.2024
Rubens e Poussin
Rubens e estadia na Itália. Pintura sacra de Rubens em Antuérpia. O ciclo de Rubens para Maria de Médici e atuação como diplomata. Poussin e a pintura mitológica. Poussin e os retábulos de altar.
Aula 14 – 11.1.2024
Retrato principesco no século 18: Pierre Gobert, Jean-Marc Nattier e François-Hubert Drouais - Conferência com Felipe Corrêa
A história do retrato é contada por diversas peças-chave da coleção do MASP. Para essa conferência, foram escolhidos três artistas cujas obras estão inseridas no acervo: Pierre Gobert, Jean-Marc Nattier e François-Hubert Drouais. De gerações diferentes, as obras desses três pintores de corte servem como pontos de partida para um olhar amplo sobre o gênero do retrato principesco em suas diversas variações, seja ela o retrato de aparato, o retrato nupcial, o retrato alegórico ou o retrato infantil.
Aula 15 – 18.11.2024
Rembrandt Van Rijn
Rembrandt e os retratos de grupo. A pintura bíblica de Rembrandt. Invenção de si: os autorretratos de Rembrandt.
Aula 16 – 25.11.2024
Frans Hals, Vermeer e Leyster.
Frans Hals e o retrato. Vermeer e a pintura do cotidiano. Judith Leyster, pintora de gênero e retrato.
Aula 17 – 2.12.2024
Ao ar livre: jardins, praças e festivais
A cidade como teatro. Festas públicas e cenografia. A formação do jardim barroco.
Aula 18 - 7.12.2024 (VISITA PRESENCIAL)
Visita guiada ao Acervo em Transformação do MASP.
Juliana Guide é mestra em estudos da tradição clássica, na linha de pesquisa em história da arte pela Unicamp, com estágio de pesquisa na Itália. Seus estudos se concentram em iconografia de heroínas da antiguidade, em pintura italiana do século 17 e em artistas mulheres que atuaram na Itália nesse período, com eventuais incursões pela tragédia clássica francesa e pela história dos debates a respeito do suicídio.
Felipe Corrêa é um historiador da arte interessado na cultura visual do século 18 e que se especializa na produção de retratos da França durante o Antigo Regime. Mestre em História da Arte pela Universidade Estadual de Campinas, ele está concluindo seu doutorado em História da Arte na mesma universidade. Em 2019 e 2020, esteve associado ao Centro de Pesquisa do Palácio de Versalhes como pesquisador externo e, durante este período, organizou um inventário dos retratos das filhas de Luís XV, que inclui, entre centenas de outros quadros, os quatro retratos de Jean-Marc Nattier do MASP.
Mateus Nunes é Doutor em História da Arte pela Universidade de Lisboa, com período de intercâmbio na Universidade de São Paulo (USP), onde é professor convidado. Arquiteto e Urbanista pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Desenvolve pós-doutorado na Universidade de São Paulo e na Getty Foundation, com pesquisa sobre hibridismos e intercâmbios culturais da produção artística e arquitetônica barroca e jesuítica na Amazônia Colonial. Concentra-se também em estudos transdisciplinares sobre teoria da arte e arte contemporânea brasileira. Ministra cursos no MASP Escola sobre barroco brasileiro e arte contemporânea paraense desde 2021.
Mateus Alves Silva é doutorado em História da Arte pela Universidade de Lisboa. Graduado em Arquitetura pela Universidade Federal do Pará [UFPA], em Belém e pesquisador de pós-doutorado em História da Arte e da Arquitetura pela Universidade de São Paulo [USP] e em Estudos Amazônicos pela Fundação Getty. Foi professor convidado da Universidade de São Paulo. Trabalha com hibridismos culturais e artísticos da arte, com foco nas reverberações do período colonial na contemporaneidade. Nas intersecções entre texto e imagem, interessa-se por sistemas não hegemônicos de organização, percepção e compreensão do tempo e da história. Cria e desenvolve projetos entrelaçando crítica de arte, curadoria e pesquisa.
Joyce Farias de Oliveira, doutoranda em História da Arte na linha de pesquisa Arte e Tradição Clássica - Universidade Federal de São Paulo (PPGHA / EFLCH - UNIFESP), tem Mestrado em História da Arte pela Universidade Federal de São Paulo (PPGHA / EFLCH- UNIFESP), Graduação em Educação Artística / Artes Plásticas (2007) e Especialização em Patrimônio Cultural, Memória e Preservação (2012), ambas pela Universidade Santa Cecília. Entre alguns temas relevantes em sua produção acadêmica estão: Representações do negro na Arte Ocidental; A imagem do negro da Idade Moderna; A imagem do negro no Barroco luso-brasileiro, catolicismo afro-brasileiro, produção artística africana no Brasil, revisões historiográficas e perspectivas decoloniais. Atualmente é pesquisadora do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo.