Para a abertura do Edifício Pietro Maria Bardi, o MASP apresenta cinco exposições em torno de seu acervo e de sua história. Neste andar, Geometrias reúne 62 trabalhos concebidos a partir de figuras geométricas elementares, como o círculo e o retângulo. Ainda que o acervo do MASP seja constituído majoritariamente de pinturas figurativas (paisagens, retratos, cenas cotidianas), as obras abstratas (sem figuras) vêm sendo paulatinamente incorporadas à coleção — nesta exposição, 57 delas foram incorporadas nos últimos dez anos, sendo 21 delas por ocasião da organização desta mostra.
Historicamente, as correntes artísticas que se baseiam em princípios geométricos se desenvolveram na Europa no início do século 20. No Brasil, como em outros países da América Latina, a abstração geométrica emergiu na década de 1950 e se consolidou fortemente com características próprias. Esta mostra apresenta trabalhos do acervo realizados por artistas que despontaram naquela época em diálogo com contemporâneos que empregam diferentes conceitos para tornar a potencializar a geometria.
Na pintura, em um primeiro momento, formas geométricas distribuídas na superfície da tela eram rigorosamente calculadas e preenchidas com pouca variação de cores. Ao longo tempo, esse radicalismo perdeu espaço para experiências poéticas, em que o cuidadoso preparo das tintas possibilita pesquisas cromáticas complexas. Padrões geométricos também fazem parte do repertório de artistas indígenas e podem ganhar significados simbólicos e espirituais. Para outros, as padronagens geométricas extrapolam a aparência decorativa e abstrata, passando a remeter a questões sociais e políticas, caso das fotografias do angolano Kiluanji Kia Henda. Para além da pintura, há também artistas trabalhando com formas tridimensionais, tecidos e fotografias em composições marcadamente geométricas.
Geometrias busca não apenas salientar a diversidade de abordagens e utilizações das figuras geométricas na arte, mas também promover diálogos entre obras de diferentes épocas, territórios e materialidades. Longe de desenhar um panorama sobre a abstração ou a figuração geométrica, a exposição aponta para novas possibilidades de compreensão e desenvolvimento de um acervo historicamente marcado pela presença da figura humana, algo que sempre refletiu a vocação consolidada por Pietro Maria Bardi (1900-1999), diretor-fundador do MASP.
Geometrias é curada por Adriano Pedrosa, diretor artístico, e Regina Teixeira de Barros, curadora coordenadora e de acervo, com assistência de Matheus de Andrade, assistente curatorial, MASP.
A mostra integra o conjunto de Cinco ensaios sobre o MASP, exposições que inauguram o Edifício Pietro Maria Bardi e ocupam outros cinco andares: Histórias do MASP (6º andar), Renoir (5º andar), Artes da África (3º andar), Isaac Julien: Lina Bo Bardi – um maravilhoso emaranhado (2º andar). Geometrias continua no 10º andar.
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ACESSIBILIDADE
Todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em Libras ou descritivas, além de textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil – com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos, disponíveis no site e no canal do YouTube do museu, podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados em geral.
SERVIÇO
Cinco ensaios sobre o MASP — Geometrias
Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, Regina Teixeira de Barros, curadora coordenadora, MASP, e Matheus de Andrade, assistente curatorial, MASP
4° e 10° andar, Edifício Pietro Maria Bardi
Visitação: 28.3 — 3.8.2025