O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) é um movimento social engajado em pautas ambientais, ecológicas e sociais. Fundado na década de 1970, o MAB surgiu para reivindicar os direitos das pessoas atingidas pela construção de barragens no Brasil, transformando-se em uma organização nacional de ampla participação popular. O trabalho coletivo é um marco na atuação do MAB e está presente também na produção das chamadas arpilleras – que, desde de 2013, são realizadas coletivamente por mulheres em oficinas em todo o país.
Arpillera é o nome de uma técnica têxtil figurativa que surgiu no Chile no final dos anos 1960. Durante o regime ditatorial de Augusto Pinochet, que foi de 1973 a 1990, essa prática se tornou uma forma de denunciar as violações dos direitos humanos, tornando-se uma expressão cultural e política de protagonismo feminino. Em espanhol, "arpillera" significa "juta", o nome da fibra têxtil que recebe bordados que narram histórias de vida e luta das autoras e seus contextos. A produção chilena inspirou mulheres ao redor do mundo, tornando-se uma importante ferramenta de memória e educação popular.
Utilizando-se de linhas, agulhas e tecidos, as mulheres atingidas abordam temas como a violência doméstica, a ruptura de vínculos entre a terra e a comunidade, violência contra crianças e adolescentes, falta de acesso à água potável e energia elétrica, e os impactos das barragens e da poluição de rios na pesca e na subsistência das famílias, entre outras violações aos direitos humanos e ambientais. Essas obras revelam uma dimensão humana, íntima, social, e profundamente política, tornando-se documentos têxteis dos impactos ecológicos e sociais do modelo energético vigente no país.
Esta exposição reúne 34 arpilleras de diferentes regiões do Brasil, produzidas entre 2014 e 2024, organizadas cronologicamente, contemplando a diversidade de técnicas e temas. Cada arpillera é contextualizada por um texto e, em determinados casos, também por cartas manuscritas pelas autoras, geralmente guardadas em um bolso no verso de cada peça.
Mulheres Atingidas por Barragens: bordando direitos é curada por Glaucea Helena de Britto, curadora assistente, e Isabella Rjeille, curadora, MASP. A exposição integra o ano dedicado à Histórias da Ecologia, que inclui monográficas de Abel Rodriguez, Clarissa Tossin, Claude Monet, Frans Krajcberg, Hulda Guzman, Minerva Cuevas, Taniki Yanomami, além da coletiva Histórias da Ecologia, bem como mostras na Sala de Vídeo de Emilija Škarnulytė, Inuk Silis Høegh, Janaina Wagner, Maya Watanabe, Tania Ximena e Vídeo nas Aldeias.
Desde 2019 o MASP tem um grupo de trabalho de sustentabilidade e desenvolve ações como descarbonização, compra de energia renovável e um programa de gestão de resíduos, iniciativas que se somam à programação de Histórias da Ecologia este ano. O novo edifício Pietro Maria Bardi também incorpora soluções sustentáveis, conquistando certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).
Sobre a organização das mulheres no MAB
O Coletivo Nacional de Mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) é um núcleo dentro do movimento que articula a luta das mulheres atingidas em todo o país, fortalecendo sua participação política e promovendo ações de denúncia e resistência. Desde sua criação, tem ampliado a presença feminina nos espaços de decisão e consolidado estratégias para garantir direitos e enfrentar as violações causadas pela construção, operação e pelo rompimento de barragens. No último período, as atingidas também têm promovido debates e fortalecido a organização com mulheres impactadas por desastres climáticos, que, de forma semelhante, geram desestruturação comunitária e familiar, com impactos específicos na vida das mulheres e violações de direitos das famílias.
Desde 2013, as mulheres do MAB organizam oficinas nas quais, por meio do bordado, constroem narrativas visuais que denunciam injustiças socioambientais, registram memórias e reforçam redes de apoio. As arpilleras tornaram-se um símbolo da resistência das mulheres atingidas.
Durante a exposição, o movimento promove duas oficinas de arpilleras abertas ao público. A primeira é no sábado, 12.04, das 10h30 às 13h30, e a segunda é no domingo, 27.04, também das 10h30 às 13h30.
Mulheres Atingidas por Barragens: bordando direitos integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da ecologia. A programação do ano também inclui mostras de Abel Rodríguez, Clarissa Tossin, Claude Monet, Emilija Škarnulytė, Frans Krajcberg, Hulda Guzmán, Inuk Silis Høegh, Janaina Wagner, Maya Watanabe, Minerva Cuevas, Tania Ximena, Vídeo nas Aldeias e a grande coletiva Histórias da ecologia.
ACESSIBILIDADE
Todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em Libras ou descritivas, além de textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil – com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos, disponíveis no site e no canal do YouTube do museu, podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados em geral.
CATÁLOGO
Na ocasião da mostra, será publicado um catálogo bilíngue, em inglês e português, composto por imagens e ensaios comissionados de autores fundamentais para o estudo da obra e luta do MAB. A publicação tem organização de Isabella Rjeille, curadora, MASP, e Glaucea Helena de Britto, curadora assistente, MASP, e textos de Roberta Bacic, Monise Vieira Busquets e Carolina Caycedo, além de uma entrevista com Daiane Höhn, Esther Vital e Louise Löbler. O catálogo conta com a reprodução de 47 arpilleras produzidas pelo coletivo, além de textos que contextualizam cada peça.
REALIZAÇÃO E APOIO
Mulheres Atingidas por Barragens: bordando direitos é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e PROAC ICMS.
SERVIÇO
Mulheres Atingidas por Barragens: bordando direitos
Curadoria: Glaucea Helena de Britto, curadora assistente, MASP, e Isabella Rjeille, curadora, MASP.
11.4 — 3.8.2025
Mezanino, 1º subsolo, Edifício Lina Bo Bardi
MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo, SP 01310-200
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta e quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas.
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 75 (entrada); R$ 37 (meia-entrada)
Programação de oficinas gratuitas
12.04, Sábado, 10h30 às 13h30 – Oficina Bordando direitos, com Caroline Mota Laino e Daiane Carlos Höhn, ativistas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
27.04, Domingo, 10h30 às 13h30 – Oficina Bordando direitos
Inscrições on-line: https://masp.org.br/oficinas
Site oficial
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Instagram
ASSESSORIA DE IMPRENSA
imprensa@masp.org.br
As paredes da exposição Mulheres Atingidas por Barragens foram pintadas com a cor Azul Blazer da Tintas Coral, uma marca da AkzoNobel. Acesse o site e conheça as cores escolhidas
Todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em Libras ou descritivas, mediante solicitação pelo e-mail acessibilidade@masp.org.br; textos e legendas em fonte ampliada e conteúdos audiovisuais com audiodescrição, legendagem e interpretação em Libras. Todos os materiais ficam disponíveis no site e canal do Youtube do museu e podem ser utilizados por pessoas com ou sem deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessadas, seja em visitas espontâneas ou acompanhadas pela equipe MASP.
Visitas acessíveis
Pessoas com deficiência podem fazer uma visita acompanhada pela equipe MASP.
Solicitação via e-mail: acessibilidade@masp.org.br.
Cadernos com textos e legendas em fonte ampliada
Os cadernos acessíveis contêm todos os textos e legendas das exposições, em fonte ampliada, além de instruções sobre as salas de exposição, disposição das obras, fluxos e circulação, e breve descrição do espaço. Os cadernos físicos ficam disponíveis para uso durante a visita e a versão digital, em PDF, pode ser acessada via QR code. Com leitor de tela, é possível ouvir todo o conteúdo textual das mostras.
Conteúdos audiovisuais
Com narração, audiodescrição, legendagem e interpretação em Libras, desenvolvidos a partir dos textos curatoriais, apresentando um panorama da exposição.
Disponíveis no site e canal do Youtube do museu.
Objetos táteis
Para algumas exposições, a equipe MASP Acessibilidade desenvolve objetos táteis que se aproximam das formas e materialidades de alguma obra em exibição. Os objetos não ficam disponíveis nos espaços expositivos, mas acompanham as visitas descritivas realizadas pela equipe, que podem ser solicitadas por pessoas com deficiência em acessibilidade@masp.org.br.