MASP

Arthur Timótheo da Costa

A dama de verde, 1908

  • Autor:
    Arthur Timótheo da Costa
  • Dados biográficos:
    Rio de Janeiro, Brasil, 1882-1922
  • Título:
    A dama de verde
  • Data da obra:
    1908
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    50,5 x 61,5 x 4 cm
  • Aquisição:
    Doação Frederico Barata, 1947
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00309
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



Arthur Timótheo da Costa foi um dos poucos artistas negros a participar dos meios acadêmicos na passagem do século 19 para o 20 no Brasil. Esse momento de transição, tanto artística quanto social, reflete-se na forma como suas pinturas são construídas, misturando elementos do ensino das belas artes com dados próprios dos processos de modernização. Em 1907, ele participou da exposição geral da Academia e ganhou um prêmio viagem para a Europa, onde permaneceu entre 1908 e 1911. A dama de verde é desse período e retrata uma mulher branca usando um chapéu amarrado por um laço em seu pescoço, um traje burguês típico para uso na vida pública na Paris do início do século 20. No entanto, ela está em um espaço interior, em frente a uma mesa com um vaso de flores. A pintura reitera convenções acadêmicas, como o enquadramento e o posicionamento da retratada em três quartos, mas o deslocamento da figura para a esquerda e seu olhar distante são aspectos de sua modernidade, em especial nas influências da fotografia sobre a pintura, como no caso dos impressionistas, com os quais Costa teve contato na Europa. O rosto é construído com pinceladas delicadas que descrevem efeitos de luz e sombra; já a roupa, o vaso e o fundo são feitos por pinceladas soltas. Há uma série de raspagens na superfície da pintura que demonstram as experimentações do artista com os próprios recursos pictóricos, como as diferentes luminosidades e texturas conseguidas com a tinta.

— Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP, 2023

Fonte: Instagram @masp 02.04.2023




Por Eugênia Gorini Esmeraldo
A obra A Dama de Verde, sob um vasto chapéu escuro circundado por uma fita terminada em farto laço verde sob o queixo, uma jovem mulher olha diretamente para o espectador, recostada em um sofá avermelhado que contrasta com sua vestimenta também em tonalidades verdes. A seu lado percebe-se um móvel, e sobre este um vaso alongado contendo flores cujas cores se misturam às do chapéu da retratada e um outro vaso, menor e quase invisível, com flores azuis mais à direita. Uma diagonal pode ser traçada para dividir a pintura, composta de pinceladas circulares espessas à direita e uma zona mais diáfana que contém a figura à esquerda. Executada em Paris, a obra evidencia a influência dos pintores impressionistas sobre Timótheo, tardia, se considerarmos que naquela época na capital francesa já se iniciavam os movimentos das vanguardas.

— Eugênia Gorini Esmeraldo, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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