Em diferentes dias da semana, de modo presencial ou on-line, o MASP Escola oferece os cursos de Estudos Críticos, módulo que aborda tópicos específicos da cultura contemporânea. Cada curso tem duração mínima de 8 horas, ou quatro aulas de duas horas cada uma.
De programa intensivo, o módulo tem como objetivo ser um espaço de debate sobre as intersecções entre a arte e as questões políticas e sociais de peso na atualidade. As aulas também transitam pelos assuntos propostos pelos ciclos temáticos que pautam o programa de exposições do museu a cada ano.
A matrícula pode ser feita de maneira independente em cada um dos cursos.
Este curso será realizado presencialmente na exposição Leonilson: Agora e as Oportunidades. Nele, pretende-se abordar os anos finais da trajetória do artista, marcados por um processo de redução e introspecção, que se constitui como um testemunho ao mesmo tempo autobiográfico e esvaziado de densidade diante da preparação para o seu próprio fim. Ao longo das aulas, examinaremos a transformação e o legado de sua obra como um poderoso e pessoal testemunho da condição humana do artista.
As relações entre textos, contextos e imagens que envolvem a vida e obra de Luiz Gama, desde o século XIX até a atualidade, são examinadas ao longo do curso. Autodidata e filho de Luiza Mahin, Gama destacou-se como uma das figuras mais influentes do Segundo Império, sendo o único ex-escravizado a tornar-se um notável defensor da política abolicionista. O conteúdo das aulas fornece subsídios para que os participantes identifiquem e estabeleçam diálogos interdisciplinares entre as obras e práticas do ativista.
O curso aborda as cosmologias afro-brasileiras, destacando o terreiro como epicentro de uma experiência multicultural afro-atlântica nas Américas. Enfoca a criação de espaços físicos e sociais de acolhimento entre seres humanos, divindades e a natureza. Também discute a diversidade sexual e de gênero nas religiões afro-brasileiras, além das interseções entre religiosidade e as artes contemporâneas.
Ao considerar a ausência, ou incompletude, muitas vezes intencional, de representações de gênero e sexualidade não hegemônicas em arquivos e acervos, este curso propõe, a partir de uma abordagem teórico-histórica, analisar criticamente políticas de memória contemporâneas por meio do estudo de práticas estético-políticas contra-normativas nas artes brasileiras, como forma de escrita de histórias sexo e gênero dissidentes. Reunimos um conjunto de estratégias de auto-representação e ressignificação, visando narrar histórias de movimentos, individuais e coletivos, cujas práticas configuram estratégias micropolíticas de afirmação na diferença.
O Habitar foi um tema importante na obra da arquiteta italo-brasileira Lina Bo Bardi desde os anos 1940 na Itália até seu falecimento em 1992 no Brasil. O curso dará ênfase na análise de projetos, obras, desenhos, textos e artigos realizados pela arquiteta sobre habitar, sobre morar, sobre o viver urbano, sobre a casa em sentido amplo e gregário. Deste modo, propomos percorrer sua trajetória histórica em articulação com o Movimento Moderno. Em dinâmicas expositivas, leituras e conversas a proposta é um curso interativo, participativo e celebra 110 anos de nascimento da arquiteta.
Neste curso, pretende-se examinar um conjunto de obras de José Leonilson, Hudnilson Jr. e Rafael França, três artistas que começaram a produzir mais intensamente no final da década de 1970 e início dos anos 1980, em que o desejo e o erotismo funcionam, em certa medida, como motor da criação, influindo no próprio modo como o corpo humano se apresenta em seus trabalhos. Esse corpo, que se configura como um corpo erótico, acaba, muitas vezes, por se fragmentar, se transformar e até mesmo se desmaterializar.
O curso oferece uma leitura da história da gravura, explorando suas interações com a história da arte e das mentalidades ao longo dos séculos. A partir da análise de imagens impressas, o curso analisa essas obras com os contextos em que foram produzidas, buscando compreender a gravura como uma costura entre diferentes campos do conhecimento. Essa abordagem permite refletir sobre o papel da gravura na construção de novos modelos imagéticos e formas de pensamento, destacando sua relevância histórica e conceitual.
Qual a diferença entre jardim e natureza? Ao revisitar a história do paisagismo, pode a ecologia criticar a visão colonizadora do mundo como território artificial? O curso discutirá esses problemas a partir do surgimento dos jardins europeus do século 16, época da colonização da América. Analisaremos os desdobramentos do modelo de jardim eurocêntrico na produção de experiências dominantes de paisagem naturalizada, como praças urbanas e parques nacionais. Tais referências paisagísticas nos ajudarão a questionar a preservação de áreas delimitadas como prática ecológica efetiva, examinando o caso da formação do paisagismo no Brasil e o legado político de Burle Marx.
Este curso tem por objetivo refletir nuances do pensamento de um conjunto de autoras negras, buscando compreender seus olhares sobre o mundo e sobre o tempo. As aulas serão guiadas por encontros fabulados entre Maria Firmina dos Reis & Sojourner Truth, Conceição Evaristo & Saidiya Hartman, Grace Passô & Denise Carrascosa, Maria Dolores Rodriguez & Djaimilia de Almeida Pereira, Carolina Maria de Jesus & Denise Ferreira da Silva.
O museu moderno surge, na sua forma mais tradicional, em meio a discussões sobre o valor da democracia. No entanto, por seu formato e operações a partir da cultura material e imaterial, seu aparelhamento para fins de exaltação dos estados nacionais foi uma constante até bem recentemente. Uma nova museologia, orgânica e que atende a demandas históricas contemporâneas tem sido resultado de questionamentos feitos a partir de problematizações oriundas de seus distintos públicos. A confiabilidade conquistada pelos museus exige posturas que revejam seu papel social abrindo-se, inclusive, para críticas feitas pela sociedade que problematizam sua relação com os mesmos.
O curso tem como objetivo promover reflexões teóricas e práticas a partir dos estudos da Museologia LGBTQIA+. Com isso, pretende-se aplicar conceitos e ações práticas, visando conceber, provocar e desenvolver novos projetos voltados para a preservação e promoção das memórias e histórias de pessoas LGBTQIA+. Ao longo de 5 encontros refletiremos sobre os processos de apagamento histórico, práticas museológicas, metodologias de preservação, estratégias de difusão e projetos realizados por museus e espaços de memória de sucesso em todo o mundo.