As Guerrilla Girls se definem como um grupo de ativistas feministas que “usam fatos, humor e imagens ultrajantes para expor os preconceitos étnicos e de gênero, bem como a corrupção na política, na arte, no cinema e na cultura pop”. Formado em 1985, o coletivo é conhecido por usar máscaras de gorila em suas aparições públicas e por nunca revelar a identidade de seus integrantes, permanecendo anônimas até hoje. O grupo atua em performances e promove a exibição e circulação de cartazes e outras peças gráficas, que são veículos de difusão ativistas sem deixar de ser obras de arte. O cartaz As mulheres precisam estar nuas para entrar no Museu de Arte de São Paulo? mostra, a partir de valores percentuais, o grande contraste que existe entre o número de artistas mulheres com obras no acervo e o número de nus femininos que aparecem nas obras em exposição, respectivamente de 6% e 60%. Esse cartaz, feito a pedido do MASP na ocasião de sua exposição retrospectiva em 2017, foi baseado no cartaz de 1989, As mulheres precisam estar nuas para entrar no Metropolitan Museum?, uma das obras mais conhecidas do coletivo, em que os números eram de 5% e 85%, respectivamente. Assim, as Guerrilla Girls chamam a atenção para o fato de que, na formação dos acervos dos museus, as mulheres foram valorizadas pela representação de seus corpos nus em detrimento de suas produções artísticas. Essa discrepância só reforçaria e manteria a mulher como objeto passivo do olhar masculino.
— Camila Bechelany, curadora assistente, MASP, 2017