MASP

Chico Tabibuia

Auto-felação, Década de 1980

  • Autor:
    Chico Tabibuia
  • Dados biográficos:
    Silva Jardim, Rio de Janeiro, Brasil, 1936-Barra de São João, Rio de Janeiro, 2007
  • Título:
    Auto-felação
  • Data da obra:
    Década de 1980
  • Técnica:
    Madeira
  • Dimensões:
    105 x 39 x 24 cm
  • Aquisição:
    Doação Rafael Moraes, no contexto da exposição Histórias Afro-Atlânticas, 2018
  • Designação:
    Escultura
  • Número de inventário:
    MASP.10807
  • Créditos da fotografia:
    MASP

TEXTOS



Chico Tabibuia aprendeu ofícios de carpintaria com o avô, filho de escravizados que fabricava pilões, gamelas, moinhos e outros objetos. Sua obra está ligada a um universo mítico, evocando elementos das religiões de matriz afro-brasileira e também de tradições indígenas. Tabibuia representou barcos fantasmas, animais, e também seres antropomórficos. Em sua produção, destacam-se os Exus, associados aos sacis-pererês, pretos-velhos e caboclos. As figuras com genitálias protuberantes, rostos angulosos e corpos longilíneos, muitas vezes sem pernas ou braços, com cachimbos, chifres e gorros pontudos, evocam um erotismo fálico. Algumas têm duas ou mais cabeças e transitam entre o feminino e o masculino, como em Auto-felação, do acervo MASP, em que a vagina ocupa o lugar da boca. Esses elementos, associados a signos arquetípicos da vida e da fertilidade, estão ligados a Exu, orixá simbolizado pelo falo e que assume formas andróginas representadas pela ambivalência sexual. Exu possui múltiplos e contraditórios aspectos e, tal como o Saci-pererê das histórias indígenas, pode ser visto como traiçoeiro e travesso. Mais que representar figuras mitológicas, as esculturas operam como objetos de devoção, receptáculos sagrados, amuletos e objetos de proteção. Tabibuia esculpia de modo quase ritualístico, a partir de troncos e raízes que encontrava na mata e nos quais, segundo o artista, essas entidades habitavam; dar-lhes forma física era o modo encontrado por ele de desmistificá-las e aprisioná-las nas esculturas para que não fizessem mal às pessoas. O MASP possui duas esculturas do artista em seu acervo.

— Matheus de Andrade, assistente de pesquisa, MASP, 2021

Fonte: Instagram @masp 13.04.2021



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