Pouco se conhece sobre Schute, um pintor provavelmente de origem alemã, mas que esteve no Brasil, onde deixou uma série de obras que estão hoje perdidas. A composição de Cachoeira de Paulo Afonso parece ter sido inspirada por uma fotografia do ítalo-francês Auguste Stahl (1828-1877). Trata-se de um panorama, uma vista alta, do ponto de encontro dos afluentes do rio São Francisco, que culminam em uma grandiosa queda d’água. Na parte central da composição, pequenas silhuetas observam a imensidão da cachoeira, força natural subjugante e literalmente sobre-humana. Esse gosto por paisagens selvagens e majestosas ecoa a estética do sublime, cara aos pintores românticos. Os personagens, diante dessa ampla vista, estão de costas e portanto permanecem anônimos. A sua presença espelha o próprio espectador observando a pintura, também levado a admirar esse cenário natural. Dois deles, vestindo capa e chapéu, parecem conversar de pé, ao lado de um terceiro personagem sentado e sem camisa. A diferença de posturas e trajes entre as figuras poderia sugerir uma hierarquia social entre eles.
— Equipe curatorial MASP, 2017
A obra Cachoeira de Paulo Afonso é de extração evidentemente romântica, com suas personagens de costas para o espectador e fundidas na paisagem, como a convidar o espectador a uma experiência de identificação com a natureza. Schute procura conciliar essa perspectiva romântica com um interesse específico, por meio do registro da cachoeira, que deve ter observado com uma atitude naturalista.
— Autoria desconhecida, 1998