Original da cidade portuária de Rabat, capital do Marrocos, esta peça para decoração de mobília é feita de fios de seda sobre tecido de algodão, a partir de matérias-primas locais. Os bordados mais antigos de Rabat, e que sobreviveram à ação do tempo, datam do século 17, cuja iconografia incluía figuras humanas estilizadas e padrões geométricos, como quadrados, cruzes, formas ovais e espiraladas. Ao longo do século 19, a estilização vegetal foi ganhando popularidade, como atesta esse exemplar de aproximadamente 1900. As cores muito vivas formam uma padronagem que lembra um campo de flores, rodeada por uma moldura igualmente colorida. A ocupação desse território no Norte da África é muito antiga, e há evidências da existência de civilizações pré-históricas na região, onde foram encontradas ferramentas de pedra. No século 17, a cidade se tornou uma capital cosmopolita, principalmente devido à imigração de populações da Andaluzia (atualmente parte da Espanha), que teve grande impacto nas manufaturas de tecidos. Muitos dos bordados de Rabat se originaram, assim, do encontro de tecelãs marroquinas com as tradições andaluzas. Apreciado pela exuberância estética, esse tipo de tecido integra coleções de museus de arte, como o Indianapolis Museum of Art, nos Estados Unidos.
— Mariana Leme, curadora assistente, MASP, 2019