MASP

Alexander Calder

Composição com fundo amarelo e vermelho, 1945

  • Autor:
    Alexander Calder
  • Dados biográficos:
    Filadélfia, Estados Unidos, 1898-Nova York, Estados Unidos ,1976
  • Título:
    Composição com fundo amarelo e vermelho
  • Data da obra:
    1945
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    122 x 152 x 1,5 cm
  • Aquisição:
    Doação do artista, 1948
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00584
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



Tanto Móbile quanto as quatro telas conservadas no museu são doações do artista, realizadas por ocasião das exposições que lhe consagram em 1948, no Ministério da Cultura do Rio de Janeiro e no Masp. Trata-se de um momento em que o artista retoma o ritmo intenso de suas viagens e expõe novamente fora dos Estados Unidos, realizando para tanto móbiles de dimensões menores e muito similares ao do Masp (Dancing Stars, National Galerie, Berlim, c.1945; Blue Feather, c.1948, coleção particular). Em 1946, Calder retornava a Paris após dez anos de ausência, a fim de preparar sua exposição na Galerie Louis Carré. Prefaciando seu catálogo, Sartre, então retratado pelo artista de forma muito engraçada, deixa um notável registro desses móbiles de câmara, vistos por momentos à luz de vela, em decorrência dos racionamentos de energia do imediato pós-guerra. Sua reflexão (a mim gentilmente referida há alguns anos por Simonetta Luz Affonso) projeta uma luz precisa sobre o pequeno Móbile do Masp, talvez do mesmo ano: “um móbile: uma pequena festa local, um objeto definido por seu movimento e que não existe fora dele, uma flor que fenece ao cessar seu mover-se, um jogo puro de movimento como há puros jogos de luz”. Os quatro óleos pintados por Calder em 1945 e em 1946, sem que se os possa evidentemente submeter a um encadeamento lógico, sugerem uma seqüência em quatro tempos, ao longo da qual se passa de um espaço em profundidade e de uma visão relativamente recuada, permitindo a ilusão de formas antropomórficas saltitantes ao lado de um “peixe” (Inv. 584), a um espaço de uma planeidade mais e mais acusada, na qual se dispõem em primeiríssimo plano formas amebóides como que mil vezes magnificadas e aproximadas pela lente de um microscópio. É de se observar que o ciclo em questão é bastante raro na obra madura de Calder, pois com exceção justamente dos anos 1945-1949, quando o artista realiza algumas incursões na pintura a óleo, é sobretudo o guache a técnica que goza de sua estável predileção.

— Autoria desconhecida, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).




Por Amanda Sammour
Nascido em uma família de artistas estadunidenses, Alexander Calder mudou-se para Paris em 1926, aos 28 anos de idade, inserindo-se nos círculos de vanguarda artística parisiense. Nesse período, desenvolveu uma técnica escultórica própria, realizada sobretudo com o arame. Em 1931, criou seus primeiros trabalhos em abstração cinética, que influenciariam toda sua produção futura—suas esculturas móveis foram apelidadas por Duchamp (1887-1968) de móbiles, ao passo que suas esculturas estáticas foram nomeadas stabiles, por Jean Arp (1886-1966). Na década seguinte—a mais produtiva de toda a sua trajetória—, Calder transferiu para a gravura e a pintura as noções de equilíbrio, forma e cor presentes nos móbiles e stabiles que o notabilizaram. Composição com fundo amarelo e vermelho, do acervo do MASP, integrou a mostra individual realizada pelo artista no MASP em 1948, doada ao museu nesse contexto. Nela, três figuras antropomorfas aparecem em primeiro plano, ao lado de um elemento que lembra o formato de um peixe. O fundo, separado na horizontal, é invadido por um tom de azul que surge do canto superior direito e parece adentrar o plano intermediário. Além do volume e da vibração internos evidenciados por seus elementos, a tela adquire um movimento ainda maior quando em diálogo com as outras também expostas na mostra de 1948. Na exposição, Calder descreveu o gérmen do pensamento sobre a criação dos móbiles, que posteriormente se aplicou à pintura: "Certa ocasião, vi algumas telas de Mondrian e reparei que havia nelas certas manchas impressionantes que se moviam, tinham vida independente do todo. Imaginei realizar, então, qualquer coisa que se movesse".

— Amanda Sammour, supervisora de comunicação, MASP, 2022



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