Cinco Gravuras da Tauromaquia trata-se de cinco pranchas da série de 33 águas-fortes criadas por Goya em 1815 e publicadas em 1816. As gravuras em questão levam os títulos: 1 – Um Cavaleiro Espanhol Mata um Touro após ter Perdido o Cavalo (Prancha 9, G 287); 2 – O Famoso Martincho Girando um Touro na Praça de Madri (Prancha 16, G 288); 3 – Barreira dos Mouros Feita com Burros para Proteger-se do Touro Embolado (Prancha 17, G 289); 4 – Pepe Illo Fazendo a Reverência ao Touro (Prancha 29, G 290); e 5 – Jogam Cachorros ao Touro (Prancha 25, G 291). A série nasce em um momento em que Goya é absolvido das suspeitas de colaboração com o recém-expulso ocupante francês, e sua temática pode em certa medida refletir uma intenção de reiteração de sua hispanidade.
— Autoria desconhecida, 1998
Por Amanda Sammour
Goya é considerado um dos artistas mais importantes do final do século 18 e início do século 19. Nascido em Fuendetodos, Espanha, mudou-se mais tarde com seus pais para Saragoça e aos catorze anos começou a estudar com o pintor José Luzán Martínez (1710-1785). Tornou-se um pintor da corte da coroa espanhola em 1786, período marcado por sua produção de retratos da aristocracia espanhola e tapeçarias em estilo Rococó. Goya tornou-se Primer Pintor de Cámara, classificação mais alta para um pintor da corte espanhola. Entre 1815 e 1816, criou a série Tauromaquia, composta por 33 gravuras, das quais 5 pertencem ao acervo do MASP. A série estrutura-se em uma sequência cronológica que busca construir uma história das touradas na Espanha, partindo do período medieval até enredos dos toureiros mais famosos do período, como Antonio Ebassun Martincho e José Delgado Pepe-Illo. As cenas registram as suertes, movimentos tomados nas touradas, refletindo momentos de triunfo e os percalços e perigos que poderiam ocorrer durante a luta. A construção de Tauromaquia revela uma abordagem ambivalente de Goya frente ao tema das touradas. Por um lado, o artista parece reforçar um caráter lúdico e triunfal genuinamente espanhol, como em Um cavaleiro espanhol mata um touro após ter perdido um cavalo — em uma provável tentativa de afirmação de sua hispanidade, logo após ser absolvido das suspeitas de fidelidade a José Bonaparte, ocupante francês recém-expulso da Espanha. Por outro lado, cenas como Barreira dos mouros feita com burros para proteger-se do touro embolado apontam a uma visão crítica — também presente em outras de suas séries contemporâneas —, em que parece enfatizar uma sociedade que busca na violência uma forma de redenção.
— Amanda Sammour, supervisora de comunicação, MASP, 2022