Em sua obra, Kaj Osteroth & Lydia Hamann propõem outra forma de relação entre mulheres artistas e ativistas feministas. Pensando a admiração como uma forma radical de relacionar‑se, Osteroth & Hamann buscam
estabelecer uma rede de colaborações, aprendizagem, troca e afeto entre mulheres. Em
Admiring Mmakgabo Mapula Helen Sebidi, Enjoy Drama![Admirando Mmakgabo Mapula Helen Sebidi, aprecie o drama!] (2014), elas retratam uma visita ao ateliê de Mmakgabo Mapula Helen Sebidi, uma das mais importantes pintoras da África do Sul. “Aprecie o drama!” foi um
conselho dado a dupla pela pintora, representada em meio as suas obras. Em
Admiring Polvo de Gallina Negra, Mistresses of Feminist Art[Admirando Polvo de Gallina Negra, amantes da arte feminista] (2016), a admiração se deu nas ruas da Cidade do México com a história do coletivo Polvo de Gallina Negra, fundado pelas artistas Maris Bustamante e
Monica Mayer, retratadas vestindo aventais e barrigas falsas de grávida, em referência a performance
Madre por um día[Mae por um dia], realizada em 1987.
Em duas telas (2019) produzidas no contexto de
Histórias feministas, as artistas trazem diversas referências a importantes mulheres brasileiras. Os títulos U.C.E — Unidentified Critter Entanglements[E.N.I.C — Entrelaçamento não identificado de criaturas] e Staying with the Trouble[Permanecendo com o problema] são referências ao livro da escritora feminista Donna Haraway, que aborda outras possibilidades de relações entre humanos e não humanos em tempos de fim de mundo. Nessas telas, um grupo
de mulheres interage entre si, troca afetos e admira diversas artistas, ativistas e escritoras brasileiras. É possível identificar referências a Tarsila do Amaral, Djanira da Motta e Silva, Lygia Clark, Anna Bella
Geiger, Márcia X, Teresinha Soares, Wanda Pimentel, Rosana Paulino, Sônia Gomes, Mônica Nador e JAMAC — Jardim Miriam Arte Clube, Gabriela Leite, Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, além de mobiliários de Lina Bo
Bardi, entre outras.