A relação entre Thomaz Farkas e a fotografia surgiu ainda na infância, quando ganhou sua primeira câmera aos 8 anos de idade. Sua família, que emigrou da Hungria para o Brasil, era proprietária da Casa Fotoptica, uma das primeiras lojas a comercializar equipamentos fotográficos em São Paulo e cuja direção Farkas assumiu após a morte do pai, em 1960. Aos 18 anos, se tornou associado do Foto Cine Clube Bandeirante, e teve sua primeira exposição individual realizada no MASP, em 1948–a primeira mostra de fotografias em um museu de arte do país. Também integrou a comissão de fotografia do Museu de Arte Moderna de São Paulo e ajudou a criar o laboratório de fotografia do MASP, na década de 1950. Nos anos 1940, influenciado por vertentes modernas, como a da fotografia direta, Farkas explorou diferentes pontos de vista de uma São Paulo que se desenvolvia aceleradamente, acentuando planos e formas geométricas de seus grandes edifícios a partir de enquadramentos não convencionais. Registrou ainda aspectos da vida cotidiana, a partir de abordagens da fotografia documental e do fotojornalismo. Pretos na janela ou Pessoas assistindo a um ensaio de escola de samba faz parte deste periodo e apresenta quatro homens negros na janela de uma casa no Rio de Janeiro. Há uma preocupação formal com o enquadramento, pois a janela na parte central da imagem forma um retângulo preto e alongado, sem, contudo, deixar de lado uma perspectiva histórica e social ao retratar pessoas anônimas em um acontecimento ligado às manifestações populares da cultura brasileira e suas raízes africanas: um ensaio de uma escola de samba.
—Matheus de Andrade, assistente de pesquisa, 2023