Claudio Tozzi desenvolveu uma obra que dialoga com a arte pop, em particular do artista Roy Lichtenstein (1923-1997), mas que também se situa na linha da nova figuração brasileira. Referências à cultura de massa e
estratégias da publicidade e dos quadrinhos eram ferramentas para elaborar um comentário sobre a situação política do momento. Tozzi trabalhou como designer gráfico e, quando estudante, fotografava passeatas,
multidões e manifestações. Reproduzia em painéis essas imagens de protestos, que se tornariam um dos principais temas de sua obra. Em
Repressão, dois militares, representados de perfil com contornos espessos acentuados por sombras marcadas, se destacam de um fundo laranja. A simplificação dos traços dessas silhuetas e a redução da paleta a duas cores
remetem a soluções gráficas próprias de cartazes ou ilustrações. A imagem que originou essa composição é a mesma utilizada em USA e abusa (1966), no qual ele representa dois militares norte-americanos armados. A
proximidade dessas duas imagens pode sugerir um entendimento mais amplo do título da obra do MASP. Se Repressão se refere diretamente ao contexto brasileiro que, no mesmo ano, veria decretado o Ato Institucional no
5, a aproximação com a obra anterior também sugere uma posição crítica mais ampla do artista acerca do imperialismo e das intervenções norte-americanas no contexto da guerra fria.