John Graz chegou ao Brasil em 1920, com uma formação multidisciplinar em desenho, publicidade e arquitetura. Além de artista, atuava como designer de interiores, produzindo móveis e painéis decorativos. A pintura Retrato do desembargador Gabriel Gonçalves Gomide, representa o pai dos artistas Antonio Gomide (1895-1967) e Regina Gomide Graz (1897-1973), sua esposa. A obra foi exposta na Semana de Arte Moderna, evento realizado entre 13 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. O intuito era romper com os padrões academicistas da cena artística daquele momento, com uma programação composta por uma exposição com artistas como Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Victor Brecheret; apresentações de músicos como Villa Lobos e Guiomar Novaes; e de poetas como Mário e Oswald de Andrade. Além do retrato, Graz apresentou outras oito pinturas a óleo, realizadas ainda na Europa. A tela tem formato horizontal e na lateral direita, há uma cortina com padrões florais estampados. O desembargador foi pintado no lado esquerdo sentado sobre uma cadeira, sua testa está franzida e as mãos repousadas sobre as pernas com um cigarro, em um momento de descanso. Há grossos contornos pretos ao redor da figura, em especial no casaco e na calça. As pinceladas são soltas e a figura levemente geometrizada. Os sutis contrastes cromáticos criam volumes, mas têm um aspecto não naturalista, demonstrando as influências das vanguardas européias do início do século 20 sobre a obra de Graz.

— Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP, 2023

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Por Eugênia Gorini Esmeraldo
No quadro Retrato do Desembargador Gabriel Gonçalves Gomide, o retratado era pai do pintor Antônio Gomide e de Regina Gomide Graz, primeira esposa do artista. A figura domina todo o espaço diagonal esquerdo da obra, podendo-se praticamente traçar uma linha diagonal do canto superior esquerdo até o canto inferior direito. A figura é delineada em negro, remetendo aos trabalhos de outro suíço, Ferdinand Hodler, de quem John Graz era admirador. O retratado está sentado numa poltrona estofada, com acabamento do encosto e braços em madeira marrom e se destaca na parede bege-claro e azulada, ao fundo, de grossas pinceladas. Sua mão esquerda repousa sobre a perna direita cruzada, tendo na mão direita um cigarro. A fisionomia serena é marcada por rugas profundas, farto bigode branco e calva pronunciada. À direita, como único elemento a interferir na concisão do retrato, pende uma cortina vertical estampada com motivos florais.

— Eugênia Gorini Esmeraldo, 1998

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