Maria Auxiliadora mudou-se para São Paulo ainda criança. Interrompeu os estudos para trabalhar como empregada doméstica e complementar a renda da família de dezoito irmãos. Sua mãe era artesã, e foi com ela que Maria Auxiliadora teve contato com a arte. Aos 32 anos, começou a pintar figuras que, com o tempo, ganharam volumes de tinta, feitos com uma pasta caseira ou uma mistura de cabelos em óleo. Auxiliadora retratava festas populares, cenas de rituais e festas religiosas do catolicismo ou do candomblé. Frequentemente representava mulheres com curvas acentuadas, dando relevo aos corpos. Auxiliadora aproximou-se, na década de 1970, das discussões sobre cultura afro e resistência do grupo do poeta Solano Trindade (1908-1974), em Embu das Artes, na Grande São Paulo. Sua primeira exposição individual no Instituto Brasil-Estados Unidos, em 1970, foi consequência de sua participação no Salão de São Bernardo do Campo, São Paulo, no mesmo ano. A partir de 1973, passou a representar seu sofrimento com o câncer, que a levaria a uma morte precoce, aos 39 anos, inclusive numa série de autorretratos em que aparece sendo velada vestida de noiva. Mesmo com uma carreira curta, a artista expôs em países como Estados Unidos, França, Alemanha e Suíça. O MASP realizou duas individuais da artista, em 1981 e 2018, e possui quatro de suas pinturas no acervo.
— Equipe curatorial MASP, 2017