As esculturas e instalações de Erika Verzutti costumam associar elementos díspares, como frutas e vegetais, a objetos imbuídos de valor simbólico, a exemplo de totens, esculturas ritualísticas ou lápides. Seu método
tem início na fabricação de moldes e réplicas a partir de elementos reais que a artista manipula, adicionando e modificando camadas de materiais. Verzutti desenvolveu uma série de obras que retomam a figura de Vênus.
Nessas obras, esculturas verticais aludindo a corpos femininos ou a formas fálicas trazem alta carga erótica e uma crítica bem‑humorada ao ideal de beleza feminina construído pela história da arte. Obra comissionada
pelo MASP no contexto da exposição
Histórias da sexualidade(2017), Venus Freethenippleremete à emblemática estatueta paleolítica Vênus de Willendorf(25.000-20.000 a.C.), presente no acervo do Naturhistorisches Museum [Museu de História Natural] (Viena) — símbolo de fertilidade representado pelos seios e ventre volumosos. A escultura de Verzutti, com papel machê
e poliestireno, em acabamento semelhante ao da pedra calcária, apresenta três partes sobrepostas: uma jaca, uma grande abóbora e um aspargo gigante, que podem ser associadas às partes do corpo da estatueta antiga —
pernas, tronco e cabeça. O título sugere relação direta com o movimento ativista internacional feminista Free the Nipple [Libere os mamilos], em prol da liberdade sexual e igualdade de gênero. Tal reivindicação é
exercida por mulheres que frequentam espaços públicos com os seios à mostra, transmitindo a mensagem de que a nudez feminina deve ser vista tão naturalmente quanto a nudez masculina.