A atriz francesa Brigitte Bardot veio ao Brasil nos anos 60 e sua visita à Búzios ficou internacionalmente conhecida. O que pouca gente sabe é que antes de chegar ao balneário, a atriz teve de ficar quatro dias reclusa em um apartamento no Rio de Janeiro, para fugir do intenso assédio da imprensa e dos fãs, que a aguardavam já na pista do aeroporto do Galeão. Nos anos 60, Brigitte Bardot era considerada um ícone da beleza, da sensualidade e da moda. Ditava, junto com outros artistas, o comportamento daquela época. No entanto, ela não conseguiu carregar o peso dessa alcunha e se retirou do show business, muito em função da obsessiva ação da mídia que devassava sua vida pessoal.
No texto de Franz Keppler, o episódio foi transportado para o apartamento de um camareiro de hotel para onde ela foge depois de uma conturbada passagem pelo Copacabana Palace. O encontro inusitado entre dois mundos completamente diferentes – e ao mesmo tempo tão iguais - é o mote da narrativa. O personagem masculino da peça também tem como função questionar Brigitte sobre o endeusamento de artistas e celebridades, criando assim um panorama para que pensemos: "Por que você é mais do que eu?" Como valorar uma pessoa e considerá-la mais importante do que outras?
Apesar de tratar de uma personagem que é real e está viva, o espetáculo não trabalha com a obrigação de reproduzir Brigitte Bardot e sim com o objetivo de explorar a sua simbologia e o que ela representou. A ideia é trabalhar um olhar subjetivo desse ícone, sem regras e compromissos.
Utilizando a figura de Brigitte Bardot como ícone da moda e sexualidade, a peça discute os limites entre os direitos à intimidade e à vida privada e a liberdade de expressão e informação no mundo atual, questão há muito tempo discutida e que se mostra cada vez mais atual, vide o polêmico caso das biografias não autorizadas. Aparentemente essas questões parecem estar mais ligadas a pessoas notórias e celebridades, mas atualmente,com o advento da internet, pessoas comuns passaram a sofrer os efeitos colaterais da exposição virtual, tendo suas vidas devassadas, tais como as figuras célebres da mídia.
Brigitte Bardot sofreu muito com a invasão de privacidade. Por isso, representa um símbolo fortíssimo para discutir o assunto. Até quando suportamos e queremos devassar a vida privada de alguém? O espetáculo pretende levantar uma série de questões. Perguntar. Não responder.
SERVIÇOS
Local: Pequeno Auditório do MASP
Datas: 26 fevereiro a 26 junho de 2016
Horário: sexta e sábado às 21h e domingo às 19h
Ingressos: sexta e domingo R$ 50,00 e aos sábados R$ 60,00
Endereço: Av. Paulista, 1578, São Paulo, SP
Tel.: (11) 3149-5959
Acessível a deficientes, ar condicionado.
Capacidade para 80 pessoas.