Mil fotografias, 160 desenhos inéditos e 10 vídeos do contemporâneo japonês Tatsumi Orimoto ocupam o 1º e 2º subsolo do MASP entre 11 de janeiro e 27 de abril de 2008, em meio às comemorações do Centenário da Imigração Japonesa. A exposição é a primeira retrospectiva fora do Japão nos 40 anos de carreira do artista e terá ainda a performance 50 Grandmamas, refeição preparada e servida por ele para 50 avós especialmente convidadas.
Os 40 anos de carreira de Tatsumi Orimoto - que podem ser vistos de 11 de janeiro a 27 de abril - chegam ao MASP como parte das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa. Orimoto tem boa parte de sua obra dedicada a homenagens aos idosos - muito valorizados na terra do sol nascente - de um jeito diferente. O comportamento social, o individualismo e seu oposto e a integração Ocidente/Oriente formam um conjunto expositivo que chamou a atenção do público em países como Alemanha, Itália, Estados Unidos, Austrália e inclusive Brasil, por ter participado em 1991 e 2002 da Bienal de Sao Paulo.
Para o curador-coordenador do MASP, Teixeira Coelho, "a iniciativa do museu em oferecer esta exposição ao seu público se deve ao fato de que Orimoto mostra de modo singular e em conformidade com um traço característico da cultura japonesa, os recursos que tem a arte contemporânea para ir além dos habituais formalismos que se remetem apenas a si mesmos ou à história da arte". Um dos destaques da exposição - a série Art Mama - dá o tom impresso pelo artista a seu trabalho. A série tem como protagonista a mãe de Orimoto, vítima de Alzheimer. Em fotos e vídeos, a senhora é vista em situações que causam estranheza num primeiro momento, mas que se fazem entender pelo seu contexto de integração social. Para Orimoto, a inclusão da mãe em sua produção artística é uma atitude corajosa e contraditória quanto aos preceitos usuais: ao invés da exclusão social que sua mãe está predestinada, uma vida ativa com repercussão pública internacional.
Outra série, Bread Men, apresenta o artista, ora só, ora em companhia de outras pessoas, com pães amarrados em suas cabeças. Sua mãe, uma vez mais, também participa. As situações são diversas: eventos, caminhadas, encontros no metrô, entrevistas na televisão. O principio básico, segundo Orimoto, é aproximar o Oriente e o Ocidente: o pão como simbologia para estabelecer a comunicação e integração entre as duas partes do mundo. "Planejamos uma série de apresentações de vídeos que relatam as atividades performáticas e os demais experimentos realizados pelo artista a partir da década de 70 até hoje. Nesta época, Tatsumi Orimoto atuava como assistente de Nam June Paik e participou do grupo Fluxus", relata Tereza de Arruda, curadora da exposição.
Seu país e costumes podem ser encontrados nas fotografias e vídeos de performances como "oil cans", que colocam em pauta o espaço físico, questão relevante no Japão, ou ainda em sua visita a hospitais e em asilos, ocasiões em que ele interage com os pacientes. Outro destaque é a seleção de 160 desenhos e aquarelas que transpoem sua inspiracao retirada do cotidiano e servem como ponto de partida para muitas performances por ele concebidas.