Por meio da pintura, do vídeo e da performance, Mathilde Rosier constrói narrativas que evocam a presença de corpos dançantes, situações oníricas e metafísicas capazes de confrontar o espectador, dando-lhe a sensação de perda de sentido do espaço e do tempo. Ao mesmo tempo, sua obra provoca reflexões sobre nossa presença e relação com a terra e os devastadores efeitos que podemos lhe causar.
Aqui apresentamos três obras recentes da artista. Elas fazem parte de uma ampla pesquisa, cujo ponto de partida são as danças coletivas de comunidades rurais agrícolas, de períodos e regiões geográficas, diretamente conectadas às origens da agricultura.
Le Massacre du Printemps [O massacre da primavera], 2020, é inspirada na versão original de
Le Sacre du Printemps [A sagração da primavera], balé de Vaslav Nijinsky, Igor Stravinsky e Nicholas Roerich criado para os Balés Russos. Filmada no contexto sonoro e visual da cidade de Nápoles, cria sons e movimentos a partir da sinfonia de Stravinsky e da coreografia de Nijinsky. O quadro
A assunção da Virgem (1477), de Francesco Botticini, criado para a capela funerária de Matteo Palmieri, na igreja de San Pier Maggiore, em Florença, hoje demolida, serve como princípio visual para esta nova obra, na qual os personagens dançam no céu, no mar e na terra, gerando um novo rito simbólico de conexão com a terra e o meio ambiente.
Body and Soil [Corpo e alma] e
Les Forêts couchées [As florestas cobertas], 2020, apresentam duas novas coreografias em que a artista interage diretamente com a natureza. Com movimentos simples e precisos, Rosier nos convida a desenvolver uma relação “interdependente, interconectada, telepática e empática” com a terra, segundo suas palavras.
Mathilde Rosier vive e trabalha entre Bourgogne e Basileia. Entre suas exposições recentes, estão
Le Massacre du Printemps, no Museu Madre (Nápoles, 2020);
Pensando como outra forma de vida terrena, na galeria The Breeder (Atenas, 2018).
Tambien há expuesto, em Fundação Guido Ludovico Luzzatto (Milão, 2018);
Castello di Rivoli (Turim, 2018);
Der Tank Institut Kunst (Basileia, 2016);
Fundação Razem Pamoja (Cracóvia, 2015); e
Fiorucci Art Trust (Stromboli, 2015).
CURADORIA Maria Inês Rodríguez, curadora-adjunta de arte moderna e contemporânea, MASP