O MASP apresenta a Sala de vídeo: Tourmaline, com exibição de vídeos da artista, cineasta, escritora e ativista norte-americana Tourmaline (Roxbury, Massachusetts, 1983). Sua obra destaca manifestações culturais, opressões e modos de sobrevivência das comunidades negra, queer e trans, reescrevendo narrativas e histórias dominantes através de citações e referências a importantes figuras da resistência queer dos Estados Unidos, como Marsha P. Johnson – ativista considerada um ícone da revolta de Stonewall.
Com curadoria de Teo Teotonio, assistente curatorial, MASP, a mostra de estreia da artista no Brasil reúne os trabalhos Atlantic is a sea of bones (2017), Happy Birthday, Marsha! (2018) e Salacia (2019). Ao estabelecer relações entre ficção e realidade, Tourmaline procura reformular crenças e iniciar uma mudança de paradigma com o intuito de imaginar um futuro sem opressões de raça, gênero e sexualidade. “A trilogia percorre passado, presente e futuro em cenários simultaneamente documentais e oníricos. Ao entrelaçar fato e ficção, Tourmaline reimagina criticamente narrativas que foram apagadas ou negligenciadas, confrontando opressão e resiliência em uma abordagem interseccional e poética, onde gênero, raça e classe estão intrinsecamente interligados”, comenta Teotonio.
Em Atlantic is a sea of bones [O Atlântico é um mar de ossos] (07'28''), Egyptt LaBeija, ativista, performer e madrinha da House of LaBeija – primeira casa de ballroom da história –, interpreta a si mesma em uma sequência de imagens que transitam entre realidade e sonho. No início, LaBeija olha para um dos píeres do Rio Hudson através da janela do Whitney Museum of American Art enquanto comenta sobre sua trajetória. Séculos antes, o mesmo lugar havia sido ponto de chegada de pessoas escravizadas que atravessaram o oceano Atlântico, vindas do centro-oeste africano.
Mary Jones – mulher negra, trans e trabalhadora do sexo que viveu em Nova York na metade do século 19 – é quem inspirou a produção audiovisual Salacia (06'04''). Após sua prisão, em 1836, sob alegação de furto, Jones se tornou conhecida devido a circulação em jornais do seu retrato, intitulado The Man Monster [O Homem Monstro]. No filme, a artista recria a história de Jones em Seneca Village – uma comunidade de pessoas negras autônomas que existiu na contramão da escravização, entre 1825 e 1857, onde atualmente se localiza o Central Park. A produção, ao mesmo tempo, torna visível a trajetória de uma personalidade pouco reconhecida e reflete sobre transfobia e racismo.
Em Happy Birthday, Marsha! [Feliz aniversário, Marsha!] (14'35''), fragmentos do cotidiano ganham proporções históricas. O vídeo mistura encenações e imagens reais de Marsha P. Johnson (1945-1992), ativista, performer e referência na luta pelos direitos da população pobre e LGBTQIA+. O desfecho da trama se dá no início da Rebelião de Stonewall, evento de resistência à violência policial contra pessoas transgênero, gays e lésbicas, que se tornou um marco na história da militância da comunidade, dando origem ao dia do orgulho LGBTQIA+.
Sala de Vídeo: Tourmaline é a segunda exibição de 2024 no museu, que, ao longo do ano, inclui mostras audiovisuais de Masi Mamani / Bartolina Xixa, Ventura Profana, Kang Seung Lee e Manauara Clandestina. A Sala de Vídeo integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+.
SOBRE TOURMALINE
Tourmaline nasceu em Roxbury, Massachusetts, em 1983. Atualmente, vive e trabalha em Nova York, e participa da Whitney Biennial 2024, no Whitney Museum of American Art, em Nova York e da mostra coletiva Acts of Resistance: Photography, Feminisms and the Art of Protest, na South London Gallery, em Londres. Ao longo de sua carreira, realizou duas exposições individuais no Mudam Museum of Modern Art, em Luxemburgo (2023) e Chapter NY, em Nova York (2020-2021). Participou da 59ª Bienal de Veneza (2022) e de exposições coletivas na Tate Modern, em Londres (2023); J. Paul Getty Museum, Los Angeles (2021-2022); Metropolitan Museum of Art, Nova York (2021); Los Angeles County Museum of Art, Los Angeles (2021-2022); Museum of Modern Art, Nova York (2021), entre outras. Seu trabalho integra o acervo de instituições internacionais como J. Paul Getty Museum, The Metropolitan Museum of Art, Museum of Modern Art e Tate.
SALA DE VÍDEO: TOURMALINE
Curadoria de Teo Teotonio, assistente curatorial, MASP
Em 2024, todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em Libras ou descritivas; textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil, com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados. Os conteúdos ficam disponíveis no site e canal do Youtube do museu.
Caderno com textos e legendas em pdf acessível
Os cadernos acessíveis são compostos por todos os textos e legendas das exposições, em fonte ampliada, além de instruções com relação às salas de exposição, disposição das obras nas paredes, possíveis fluxos e circulação pelos ambientes e breve descrição do espaço. Através do pdf acessível, o visitante pode habilitar o leitor de tela e ouvir todo o conteúdo textual das mostras e suas orientações espaciais.