MASP

TOULOUSE-LAUTREC - O ARTISTA DO INSTANTE

12.6 - 26.8.2007

Os temas pelos quais Toulouse-Lautrec tornou-se conhecido não foram a graça e o encanto de Renoir, nem a dureza da paisagem, como em Cézanne, ou uma certa metafísica da tinta, própria de Van Gogh, mas os efeitos de superfície dos cafés e cabarés - a vida trepidante em oposição à ida tranqüila - que construíram parte da identidade atribuída a Paris.

Sua ligação com os novos tempos foi ampla: em 1890 desenhou seu primeiro cartaz (affiche) para anunciar a abertura do Moulin Rouge. Esse cartaz inundou os muros e paredes de Paris tornando conhecido o nome do artista e dando consistência a essa nova mídia que se alçava à categoria de arte, símbolo tanto do fim de século como de uma nova época.

Seu traço, próximo por vezes da caricatura de jornal (no que era outra vez bem moderno), compunha cenas que se aproximavam da estética da fotografia, mídia nascida com a época. O resultado é essa sensação de instantâneo dada pelo retrato de Monsieur Fourcade. O lado maldito do artista ficava com sua predileção pelas cenas de bordel, provocativas, e pela figura das mulheres da noite, entre elas as artistas de cabaré como Loïe Fuller, do esplêndido guache em exposição, e a exuberante, artista com luvas verdes, aqui também incluída.

Sua poética comportava movimentos antagônicos, indo da suave ironia com que via alguns personagens à beleza leve e plenamente impressionista do retrato de sua mãe, a condessa de Toulouse-Lautrec, vista de perfil num jardim florido. Ela está ali tão sozinha quanto à prostituta no emblemático divã vermelho; mas são duas solidões diferentes, no conteúdo como na forma. Não menos atraente, e surpreendente, é a imagem do cachorro com fita azul, que se diz um esboço mas que, vista com olhos de hoje, seria com tranqüilidade assinada por um artista pós-moderno.

Várias destas obras partem em breve para uma longa viagem ao Japão, de onde retornam apenas no início de 2008. E com exceção de Paul Viaud e do Divã, as demais há tempos não compareciam a esta sala. Mais uma razão para re-visitar, ou ver pela primeira vez, este artista que foi um dos ícones da modernidade nascente.