O curso explora o desejo e o erotismo como elementos centrais nas obras de três artistas que despontaram no final dos anos 1970: José Leonilson, Hudinilson Jr., e Rafael França. O corpo erótico é o corpo que deseja. E quando falamos de desejo, estamos nos referindo, antes e depois de tudo, ao desejo sexual ― ou, mais exatamente, ao caráter sexual de todo desejo, sublinhado pela psicanálise e pelo surrealismo e glosado por inúmeros artistas ao longo do século 20. É justamente a elaboração desse corpo erótico o ponto em comum nos trabalhos dos três artistas. Neles, o corpo que deseja se constitui como um corpo que perde sua integridade original, dando-se a ver por partes, por sombras ou, metonimicamente, a partir de seus órgãos internos.
Como bem lembra Georges Bataille, em O erotismo “O que está em jogo no erotismo é sempre uma dissolução das formas constituídas”. Hudinilson Jr. e Rafael França trabalharam juntos no grupo 3Nós3, que realizou uma série de intervenções urbanas entre 1979 e 1982, na cidade de São Paulo. Nascido em Fortaleza, Leonilson desenvolveu trajetória paralela aos dois, também em São Paulo, para onde se mudou ainda criança, em 1961, com períodos vivendo na Europa. Como Rafael França e outros artistas de sua geração, morreu muito jovem, vítima do vírus da AIDS. Este curso se direciona a todos os interessados em artes visuais, sejam professores, estudantes, pesquisadores ou apenas curiosos.
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IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e cada aula ficará disponível aos alunos durante até trinta dias após a realização da mesma.
Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.
Na compra de um curso, ganhe 50% de desconto na inscrição em outro curso de mesmo módulo*.
*Em caso de curso presencial, o desconto é válido para ambos os módulos.
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O MASP, por meio do apoio da VR, oferece bolsas de estudo para professores da rede pública em qualquer nível de ensino.
Aula 1 – 6.11.2024
Desejo e erotismo
Nesta aula, faremos uma introdução geral ao curso, em que examinaremos as noções de desejo e erotismo.
Aula 2 – 13.11.2024
Leonilson e o coração em chamas
Neste encontro, examinaremos um conjunto de obras de José Leonilson, atentando para como alguns trabalhos – que remetem não só ao desejo e ao erotismo, mas também ao amor e à paixão – se tornam recorrentes em sua obra, como a do coração com chamas.
Aula 3 - 27.11.2024
Hudinilson Jr. e o tripé Eros, Narciso, Tânatos
Nesta aula, observaremos como, por meio de três figuras oriundas da mitologia grega – Eros, Narciso e Tânatos –, Hudinilson Jr. encena o desaparecimento do corpo enquanto tal (isto é, enquanto carne, massa palpável) e sua transformação em imagem.
Aula 4 - 04.12.2024
Rafael França: desejo e vertigem
Nesta aula, veremos como a vertigem (que, na obra de Rafael França, é desejo e erotismo) impõe uma alteração nos corpos, que se desmontam, se remontam, se travestem, se fragmentam, se dissolvem, adoecem, morrem e persistem, pulverizados como relíquias, nas imagens.
Veronica Stigger é escritora, crítica de arte, curadora independente e professora universitária. Possui doutorado em teoria e crítica de arte pela USP e realizou pesquisas de pós-doutorado na Università degli Studi di Roma La Sapienza, no Museu de Arte Contemporânea - MAC USP e no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Foi curadora das exposições Maria Martins: metamorfoses e O útero do mundo, ambas no Museu de Arte Moderna de São Paulo (2013 e 2016), e Réquiem e vertigem: Rafael França (2021), na Galeria Jaqueline Martins, em São Paulo, entre outras. Com Eucanaã Ferraz, assinou a curadoria da exposição Constelação Clarice (2021-2022), no Instituto Moreira Salles (IMS). Junto a Eduardo Sterzi e Marta Mestre, realizou a exposição Desvairar 22 (2022), no Sesc Pinheiros. Com a exposição sobre Maria Martins, ganhou o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e o Prêmio Maria Eugênia Franco, concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), por melhor curadoria do ano.