Em 2024, os encontros do MASP Professores são vinculados ao ciclo Histórias da diversidade LGBTQIA+ e o seu objetivo é proporcionar o diálogo de profissionais da educação com artistas, curadores, intelectuais, professores e ativistas LGBTQIA+. O terceiro encontro do programa vai ser dedicado a sentimentos que constituem a subjetividade de qualquer ser humano, mas que são vividos de maneira muito central na construção das identidades de pessoas LGBTQIA+: os medos, os amores e os afetos. De que forma eles são vividos? Em que medida eles são definidores de como as pessoas se veem no mundo e constroem as suas relações? A reflexão proposta contará com os estímulos de Mariana Machado Rocha, Gabriel Pessoto e Fefa Lins, pessoas que convidamos para esse encontro. Além da mesa-redonda, seguiremos neste encontro com um momento destinado ao laboratório de mediação, cujo objetivo é instrumentalizar o público participante do programa em suas visitas em grupo ao MASP e em suas ações didáticas e de mediação na sala de aula ou em outros contextos educacionais.
Os demais encontros de 2024 serão:
Família, famílias (17.8, online)
Corpo, alma e espiritualidades (19.10, online)
Propostas LGBTQIA+ para o futuro (23.11, presencial)
CRONOGRAMA
9H30—10H30: recepção e café da manhã
10H30—13H30: mesa-redonda
13H30—15H: intervalo
15H—17H30: laboratório de mediação
Público: profissionais da área da educação, seja ela escolar, universitária, museal ou no terceiro setor e pessoas interessadas em geral.
Atividade gratuita, presencial, com interpretação em Libras.
O evento será gravado na íntegra e disponibilizado no canal do MASP no YouTube.
PESSOAS CONVIDADAS
Mariana do Berimbau, Gabriel Pessoto e Fefa Lins
Vagas limitadas
Haverá certificado de participação
Quaisquer dúvidas e solicitações podem ser encaminhadas para professores@masp.org.br
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PROGRAMA
9H30—10H30
Recepção e café da manhã
Primeiro subsolo
10H30—13H30
Mesa-redonda
MASP Auditório
MARIANA DO BERIMBAU
Mãe, bissexual, não-binária e não-monogâmica: e se meus filhos não me aceitarem?
A condição de “saída do armário” posta para a comunidade LGBTQIA+ tradicionalmente envolve o medo em relação ao que diversos atores sociais podem pensar, sentir, ou como podem reagir diante da notícia de uma dissidência. Entre eles, os pais têm grande importância por terem um tipo de vínculo costumeiramente forte e, ainda, uma precedência temporal e uma responsabilidade financeira em relação aos filhos. Entretanto, a fluidez identitária não tem tempo certo e o contrário pode acontecer: uma mãe se entender fora das normativas cis-hetero-monogâmicas e precisar lidar com a os sentimentos em relação às possíveis reações de seus filhos. Essas questões serão discutidas a partir de um relato de experiência pessoal.
GABRIEL PESSOTO
Um futuro a dois ricamente enfeitado
Desde 2019 costuro o meu enxoval de casamento. Contudo, as peças são todas costuradas e enfeitadas em um frágil papel cor de rosa. A partir dessa série de trabalhos e de outros caminhos da minha pesquisa recente, proponho um olhar sobre o design da vida doméstica e conjugal a partir de itens cotidianos, decorativos e utilitários que constituem uma espécie de cenário romântico e afetivo idealizado. Confeccionar um enxoval, parte dos rituais de acasalamento, demarca territórios de gênero e também determina coreografias, expectativas e visualidades em torno de uma união heteronormativa. Na ausência de uma narrativa própria para relações afetivas dissidentes, me disponho a atravessar o processo de confecção das peças de cama, mesa e banho (uma produção estética que não é mediada pelo campo da arte) para refletir sobre questões como a cultura visual do amor, a solidão queer, as idealizações conjugais e os papéis de gênero.
FEFA LINS
a obra acontece no encontro
do teu olhar pontiagudo
com meu estômago perfurado
medo do espelho
coração partido
as palavras engolidas
dez choros presos
toque paternal
crush transfraternal
cartas de tarot
carteira de identidade
a poesia que escrevo no fundo da tela
o tapa que levo da tinta
quando eu triste quis porque quis
afirmar que embaixo de chuva forte
até água turquesa vira cinza
foi te amando assim que aprendi a pintar
13H30—15H
Intervalo
15H—17H30
Laboratório de mediação
MASP Auditório
Com o objetivo de instrumentalizar o público do programa em suas visitas em grupo ao MASP e em suas ações didáticas e de mediação na sala de aula ou em outros contextos educacionais, o laboratório de mediação é uma atividade prática e contínua, realizada ao longo de todo o ano no contexto do MASP Professores. A atividade é realizada em grupos com até 25 pessoas cada um. Cada grupo trabalha em propostas distintas e complementares entre si, como a elaboração de roteiros de visitação ao Acervo em transformação; a definição de estratégias de mediação de obras do acervo do MASP, no museu ou virtualmente; construção de atividades práticas, como oficinas em diferentes linguagens, entre outras.
FEFA LINS
Artista visual de Recife, nascido em 1991 e graduado em Arquitetura pela UFPE. Tendo como ponto de partida a reflexão sobre afetos e desejos, o artista faz uso de técnicas seculares de pintura a óleo associadas a processos digitais e contemporâneos para investigar outras possibilidades para corpos e sexualidades localizados fora das normas hegemônicas. Participou de exposições coletivas pelo Brasil em instituições como o MASP (Histórias Brasileiras, 2022) e Pinacoteca do Ceará (Negros na Piscina, 2022) e possui obras em acervos públicos como Pinacoteca de São Paulo, Museu da Diversidade Sexual e o Banco do Nordeste. Fefa realizou duas exposições individuais, Tecnologias de Gênero em 2021 na Galeria Amparo 60 em Recife e em 2023 apresentou Vira-casaca na Verve Galeria em São Paulo. Indicado ao PIPA 2022.
GABRIEL PESSOTO
Nascido em Jundiaí, em 1993, é graduado em Produção Audiovisual pela PUCRS. Desde 2015, atua como artista visual refletindo sobre o impacto da cultura visual e material do ambiente doméstico, do cotidiano e do artesanato na construção de idealizações e desejos. Destacam-se as exposições Ambiente Moderno (2021), na galeria da Fundação Ecarta (Porto Alegre, RS) e Realidade Virtual (2022) na Temporada de Projetos do Paço das Artes (São Paulo, SP). Seus trabalhos integram acervos como o do Museu da Diversidade Sexual, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Museu Nacional de Belas Artes e Museu de Arte de Ribeirão Preto.
MARIANA DO BERIMBAU
Compositora, poeta, performer, berimbalista, pesquisadora das relações raciais, doutora em educação pela USP e mãe. Foi pesquisadora visitante pela Fulbright na Universidade de Illinois (Champaign-Urbana). Em 2023 defendeu a tese de doutorado Uma luta científico-social desproporcional: colonialidade e branquitude na fundação da USP e ensino superior na Imprensa Negra Paulista (1924-1937). É praticante de capoeira, dança e percussão no Núcleo de Artes Afro-brasileiras da USP, sob direção artística do Mestre Pinguim. Autora do livro de poesias Meu Sobrenome é Ousadia.