Em 2024, os encontros do MASP Professores são vinculados ao ciclo Histórias da diversidade LGBTQIA+ e o seu objetivo é proporcionar o diálogo de profissionais da educação com artistas, curadores, intelectuais, professores e ativistas LGBTQIA+. O quarto encontro do programa MASP Professores de 2024, que será realizado online em 17.8.2024, será uma reflexão sobre as múltiplas formas de ser uma família e sobre os vínculos afetivos criados ao longo da vida nesse aspecto. Para discutirmos sobre essas bases coletivas que formam e acolhem, mas que também podem ser violentas quando não conseguem lidar com as dissidências de sexo e gênero, Lauri Silva, Rafael Escrivão Sorrigotto, Marcelo Venzon e Yacunã Tuxá vão compartilhar as suas reflexões conosco ao longo do dia.
Os próximos encontros de 2024 serão:
Corpo, alma e espiritualidades (19.10, online)
Propostas LGBTQIA+ para o futuro (23.11, presencial)
CRONOGRAMA
10H30 — 13H30: mesa-redonda
13H30 —1 5H: intervalo
15H — 17H: conferência
Público: profissionais da área da educação, seja ela escolar, universitária, museal ou no terceiro setor e pessoas interessadas em geral.
TRANSMISSÃO AO VIVO
O encontro será online, transmitido ao vivo pelo canal do MASP no YouTube. As falas terão interpretação em Libras.
Atividade gratuita.
O debate com as pessoas convidadas, entre 12H e 13H30 e entre 16H e 17H, será reservado a quem se inscrever.
PESSOAS CONVIDADAS
Lauri Silva, Rafael Escrivão Sorrigotto, Marcelo Venzon e Yacunã Tuxá
Vagas limitadas
Haverá certificado de participação.
Quaisquer dúvidas e solicitações podem ser encaminhadas para professores@masp.org.br
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PROGRAMA
10H30 — 13H30
Mesa-redonda
LAURI SILVA
O buá (gueto) como espaço de afetividade e sociabilidade para pessoas travestis e mulheres trans
As pessoas LGBTQIA+ são de longe um dos grupos marginalizados mais afetados pela rejeição familiar. Sei por experiência própria que a rejeição vem de muitas formas, de opressões interseccionais que atravessam nossos corpos. Embora as suas manifestações sejam reconhecíveis, particularmente para travestis e mulheres trans, como serem expulsas de casa ou sofrer abusos, elas também podem ser sutis, por meio do apagamento e da falta de reconhecimento da identidade de gênero. Diante disso, abordarei a partir da minha trajetória e experiência de vida um pouco desse universo travesti e trans no que diz respeito aos espaços de sociabilidade, sobretudo o buá enquanto espaço e elo de afetividade, acolhimento e de resistência para essas pessoas.
RAFAEL ESCRIVÃO SORRIGOTTO
Parentalidade diversa e a sociedade
A diversidade tempera e traz atributos icônicos para a vivência no universo familiar. Não dá para pensar na relação das partes sem pensar no meio em que vivem — família extensa, escola, equipamentos de lazer. A sociedade desempenha um papel preponderante na formação do caráter e do ser humano, para o bem e para o mal. Está lançado o grande desafio da parentalidade: equalizar os pontos, interações e afinar as relações a fim de que tenhamos uma formação de fato múltipla, diversa e respeitosa ao processo e descobertas da criança. Quando pensamos na diversidade como mote para planejarmos o futuro e nos prepararmos para a educação e formação das crianças, pode ser assustador acompanhar notícias e empaticamente ponderar como reagir ou precaver. É preciso lembrar, como nos versos de Emicida: “o som das criança indo pra escola convence (...) e o sol só vem depois”.
MARCELO VENZON
Memórias de uma bicha vitrinista: um lugar de reflexo
A apresentação tem como ponto de partida o encontro entre Marcelo e seu tio-avô José, bicha que encontrou nas vitrinas um local de reflexo para exercer seus desejos e afetos. Foi a partir da morte de José, Zeca, Zezinho (1997), que Marcelo entende seu tio como um ser ao mesmo tempo dissidente e aglutinador em sua vida e na de seus familiares.
13H30 — 15H
Intervalo
15H —1 7H
Conferência
YACUNÃ TUXÁ
A flecha da diversidade: visibilizando identidades e narrativas LGBTQIA+ indígenas através da arte
Nesta conferência, apresentarei como a arte tem sido uma ferramenta para visibilizar identidades e narrativas LGBTQIA+ indígenas. Utilizando diversas linguagens artísticas, proponho em meu trabalho uma revisão histórica e imagética que desafie o desejo colonial de extinguir e/ou invisibilizar vidas indígenas LGBTQIA+ para celebrar a resistência insubordinada daqueles que teimam em existir. Através desse espaço de diálogo, exploraremos como a arte pode subverter as narrativas coloniais e nos permitir resgatar, reimaginar e afirmar a presença de pessoas indígenas LGBTQIA+, destacando suas histórias na construção de um futuro ancestral inclusivo.