11H - 11H10
INTRODUÇÃO
ADRIANO PEDROSA, diretor artístico, MASP
11H10-12H30
SANDRA BENITES
Histórias silenciadas
Apresentação sobre a história do Brasil contada a partir da perspectiva indígena e abordada desde a invasão colonial, procurando trazer falas de pessoas mais antigas que os colonizadores. Pessoas que foram sempre silenciadas, que tiveram sua história negada e que nunca tiveram voz em um espaço como, por exemplo, um seminário desse tipo. Na perspectiva Guarani, contam-se as histórias dividindo-as em tempo antigo e tempo novo. É importante refletir sobre como aprender essas histórias a partir do conhecimento indígena, e saber como os indígenas compreendem a si próprios a partir desse conhecimento.
MOACIR DOS ANJOS
Curadoria, representação e distribuição de corpos no Brasil
Entendida como prática de representação parcial e provisória de um real inapreensível como totalidade, a curadoria contribui para tornar visíveis e inteligíveis certos assuntos e gentes, deixando outros forçosamente à margem. Por meio desses recortes – feitos de articulações específicas entre obras diversas –, reafirma ou contesta o modo como, a cada momento, os corpos que habitam um certo território se distribuem no espaço. O modo como, em função de marcadores diversos de diferença social, corpos ocupam, desigualmente, lugares de moradia, lazer e trabalho. Vinculada ao campo do sensível, a curadoria é prática também implicada, portanto, no contexto histórico-político em que se insere, seja por ignorar violências antigas rotineiramente atualizadas ou, ao contrário, por contribuir para que se imagine e se construa, em um tempo que ainda vem, uma distribuição de corpos mais igualitária no Brasil. O argumento será apoiado em projetos curatoriais recentes do palestrante.
Mediação: Isabella Rjeille, curadora, MASP
14H-15H30
LILIA MORITZ SCHWARCZ
“No Ceará não se embarcam escravos”. A Revolta dos Jangadeiros de 1884 como convenção visual da luta por liberdade
A Revolta dos Jangadeiros, ocorrida no Ceará no ano de 1884, converteu-se num marco simbólico da luta pela liberdade no Brasil. Sob o slogan de “no Ceará não se embarcam escravos”, os jangadeiros, liderados, entre outros, por Francisco José do Nascimento, passaram a impedir que cativos deixassem a Província, bloqueando o porto de Fortaleza. O evento expandiu-se e fez com que o Ceará abolisse a escravidão quatro anos antes do restante do país. Essa apresentação procurará mostrar como, em sua época, mas também contemporaneamente, o acontecimento foi recuperado nas artes, transformando-se numa espécie de convenção visual da luta dos negros e negras por direitos e igualdade.
TOM FARIAS
João Cândido: o homem que parou o Brasil
Panorama sobre a vida do marinheiro João Cândido (1880-1969), sua histórica participação na insurreição dos marinheiros de novembro de 1910, conhecida como Revolta da Chibata, que resultou em mudanças na estrutura da Marinha de Guerra brasileira, em especial, com fim do castigo da chibata, que humilhava negros, desde os tempos da escravidão. Será discutida a trajetória desse filho de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, da entrada na Marinha à expulsão, em 1912, retratando também um pouco da sua infância, da escravidão no Brasil Império, da sua família e dos seus pais, que foram escravos. Por último, será feita uma atualização de seus feitos após a saída da Marinha de Guerra, sua luta pela sobrevivência, a anistia e sua volta à Marinha, de onde saiu como o “Almirante Negro” da esquadra revoltada.
Mediação: André Mesquita, curador, MASP