MASP

Histórias do Brasil

29.5.2020
SEXTA
ONLINE
11H-15H30
Este é o primeiro seminário de um projeto de longo prazo que antecipa o programa de exposições, palestras, oficinas, publicações e cursos no MASP dedicado às Histórias do Brasil em 2022.

Com a presença de teóricos, curadores, artistas e pesquisadores de diferentes áreas, temas e perspectivas, o seminário visa apresentar e discutir algumas das complexidades de episódios históricos sociais e políticos no país, como também práticas curatoriais e artísticas que lidam com os legados dessas histórias por meio de obras e exposições.

TRANSMISSÃO AO VIVO 
O seminário terá transmissão online e gratuita através dos perfis do MASP no Facebook e YouTube, com tradução em libras.

FOLDER
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ORGANIZAÇÃO
Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP
André Mesquita, curador, MASP
Lilia Moritz Schwarcz, curadora adjunta de histórias, MASP

PROGRAMA

11H - 11H10
INTRODUÇÃO
ADRIANO PEDROSA
, diretor artístico, MASP

11H10-12H30
SANDRA BENITES

Histórias silenciadas
Apresentação sobre a história do Brasil contada a partir da perspectiva indígena e abordada desde a invasão colonial, procurando trazer falas de pessoas mais antigas que os colonizadores. Pessoas que foram sempre silenciadas, que tiveram sua história negada e que nunca tiveram voz em um espaço como, por exemplo, um seminário desse tipo. Na perspectiva Guarani, contam-se as histórias dividindo-as em tempo antigo e tempo novo. É importante refletir sobre como aprender essas histórias a partir do conhecimento indígena, e saber como os indígenas compreendem a si próprios a partir desse conhecimento.    

MOACIR DOS ANJOS
Curadoria, representação e distribuição de corpos no Brasil
Entendida como prática de representação parcial e provisória de um real inapreensível como totalidade, a curadoria contribui para tornar visíveis e inteligíveis certos assuntos e gentes, deixando outros forçosamente à margem. Por meio desses recortes – feitos de articulações específicas entre obras diversas –, reafirma ou contesta o modo como, a cada momento, os corpos que habitam um certo território se distribuem no espaço. O modo como, em função de marcadores diversos de diferença social, corpos ocupam, desigualmente, lugares de moradia, lazer e trabalho. Vinculada ao campo do sensível, a curadoria é prática também implicada, portanto, no contexto histórico-político em que se insere, seja por ignorar violências antigas rotineiramente atualizadas ou, ao contrário, por contribuir para que se imagine e se construa, em um tempo que ainda vem, uma distribuição de corpos mais igualitária no Brasil. O argumento será apoiado em projetos curatoriais recentes do palestrante.

Mediação: Isabella Rjeille, curadora, MASP


14H-15H30
LILIA MORITZ SCHWARCZ

“No Ceará não se embarcam escravos”. A Revolta dos Jangadeiros de 1884 como convenção visual da luta por liberdade
A Revolta dos Jangadeiros, ocorrida no Ceará no ano de 1884, converteu-se num marco simbólico da luta pela liberdade no Brasil. Sob o slogan de “no Ceará não se embarcam escravos”, os jangadeiros, liderados, entre outros, por Francisco José do Nascimento, passaram a impedir que cativos deixassem a Província, bloqueando o porto de Fortaleza. O evento expandiu-se e fez com que o Ceará abolisse a escravidão quatro anos antes do restante do país. Essa apresentação procurará mostrar como, em sua época, mas também contemporaneamente, o acontecimento foi recuperado nas artes, transformando-se numa espécie de convenção visual da luta dos negros e negras por direitos e igualdade.
 
TOM FARIAS
João Cândido: o homem que parou o Brasil
Panorama sobre a vida do marinheiro João Cândido (1880-1969), sua histórica participação na insurreição dos marinheiros de novembro de 1910, conhecida como Revolta da Chibata, que resultou em mudanças na estrutura da Marinha de Guerra brasileira, em especial, com fim do castigo da chibata, que humilhava negros, desde os tempos da escravidão. Será discutida a trajetória desse filho de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, da entrada na Marinha à expulsão, em 1912, retratando também um pouco da sua infância, da escravidão no Brasil Império, da sua família e dos seus pais, que foram escravos. Por último, será feita uma atualização de seus feitos após a saída da Marinha de Guerra, sua luta pela sobrevivência, a anistia e sua volta à Marinha, de onde saiu como o “Almirante Negro” da esquadra revoltada.

Mediação: André Mesquita, curador, MASP

PALESTRANTES

HELOISA MURGEL STARLING
Professora titular livre de História do Brasil da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É autora de Ser republicano no Brasil Colônia: a história de uma tradição esquecida (2018). Coorganizadora do Dicionário da República: 51 textos críticos (2019).
 
LILIA MORITZ SCHWARCZ
Professora titular do Departamento de Antropologia da USP e Global Scholar em Princeton. Atua também como curadora adjunta para as histórias do MASP, onde participou da equipe curatorial das seguintes exposições: Histórias da infância (2016), Histórias da sexualidade (2017), Histórias afro-atlânticas (2018) e Histórias das mulheres: artistas antes de 1900 (2019). É autora de uma série de livros e catálogos como: Espetáculo das raças (1993), As barbas do imperador (1998), Histórias mestiças (2016, com Adriano Pedrosa), A batalha do Avaí (2013, com Lúcia Stumpf e Carlos Lima) e Pérola imperfeita: as histórias e a história de Adriana Varejão (2014).

MOACIR DOS ANJOS
Pesquisador e curador da Fundação Joaquim Nabuco. Foi diretor do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (2001-2006), Recife, e curador da 29ª Bienal de São Paulo (2010). Foi curador das mostras Cães sem plumas (2014, MAMAM), A queda do céu (2015, Paço das Artes), Emergência (2017, Galpão Bela Maré), Quem não luta tá morto. Arte democracia utopia (2018, Museu de Arte do Rio), Bandeiras da Revolução (2017), Raça, classe e distribuição de corpos (2018) e Educação pela pedra (2019), as três últimas na Fundação Joaquim Nabuco. É autor dos livros Local/global. Arte em trânsito (2005), ArteBra crítica (2010) e Contraditório. Arte, globalização e pertencimento (2017).

SANDRA BENITES
Guarani Nhandewa e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Desde 2004, trabalha com educação indígena. Entre 2012 e 2014, foi coordenadora pedagógica de educação indígena na Secretaria de Educação do Município de Maricá, Rio de Janeiro. Realizou a curadoria da exposição DjaGuata Porã: Rio de Janeiro Indígena, no Museu de Arte do Rio (2017). É curadora adjunta de arte brasileira no MASP.  

TOM FARIAS
Jornalista, escritor e pesquisador, duas vezes finalista do prêmio Jabuti, recebeu prêmio da Academia Brasileira de Letras, Medalha de Honra ao Mérito do Governo do Estado de Santa Catarina e o Prêmio Carolina Maria de Jesus. Publicou diversos livros, entre os quais Cruz e Sousa: Dante Negro do Brasil (2008) e Carolina, uma biografia (2018), além do romance Os crimes do rio vermelho (2001). Especialista em literatura afro-brasileira, é ainda crítico literário. Como jornalista, colaborou no Jornal do Brasil, Estado de Minas, Diário Catarinense e O Globo, onde ainda escreve. Realizou trabalhos para o cinema, teatro e televisão. É um dos roteiristas da série Libertários, da TV Cultura.


 

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