Lucy Citti Ferreira (1911-2008) nasceu em São Paulo e passou a infância e adolescência na Europa. Iniciou seus estudos em arte em 1930 no curso noturno de desenhos de modelos clássicos na Escola Regional de Belas Artes em Havre, na França, e deu continuidade a sua formação na Escola Nacional de Belas Artes, em Paris, entre 1932 e 1934. Retornou a São Paulo em 1935 e foi colega e modelo de Lasar Segall, com quem trabalhou em parceria até seu retorno à Paris em 1947. Apesar de ter deixado uma prolífica produção, a circulação de seu trabalho foi limitada pela crítica da época que a via apenas como seguidora de Segall —como se não existisse a possibilidade de uma colaboração horizontal e influência mútua entre os dois artistas. Durante sua estadia no Brasil, temas como a maternidade, retratos e autorretratos, a família, a guerra e as tensões sociais da época eram recorrentes em suas obras. Sem dinheiro para contratar modelos, Ferreira retratou amigos e a si mesma em diversas obras, fazendo uso de um espelho. A imagem que vemos em Autorretrato (1937) é possivelmente o ponto de vista desse espelho, que testemunha o início de uma nova tela. Nesta pintura, os olhos expressivos da artista atraem o olhar de quem a observa como se o conduzisse para dentro da personagem. As mãos da pintora também recebem especial atenção: retratadas em primeiro plano, portam seu instrumento de trabalho, um fino pincel e um godê – a artista é a modelo e a protagonista de sua obra. O MASP realizou uma mostra individual de Ferreira em 1953, e possui 40 obras da artista, sendo 3 pinturas e 37 desenhos.
— Mayara Santos, estagiária da Curadoria, 2020
Por Roger Gaspar
Lucy Citti Ferreira nasceu em São Paulo e passou a infância e a adolescência na Europa. Durante sua estada no Brasil, temas como maternidade, retratos e autorretratos, família, guerra e tensões sociais eram recorrentes em suas obras. Sem dinheiro para contratar modelos, Ferreira retratou amigos e a si mesma em diversas obras, fazendo uso de um espelho. A imagem que vemos em 'Autorretrato' é possivelmente o ponto de vista desse espelho, que testemunha o início de uma nova tela. Nesta pintura, os olhos expressivos da artista atraem o olhar de quem a observa como se o conduzissem para dentro da personagem. As mãos da pintora também recebem especial atenção: retratadas em primeiro plano, portam seus instrumentos de trabalho, um fino pincel e um godê — a artista é a modelo e a protagonista de sua obra.
— Roger Gaspar, Estágiario, MASP, 2023