Frans Post nasceu em uma família de artistas e foi pintor, desenhista e gravador. Chegou ao Brasil em 1637, aos 25 anos, integrando a comitiva de Maurício de Nassau (1604-1679) durante a ocupação holandesa em Pernambuco (1630-54). Morou no Recife até 1644, período em que produziu dezoito paisagens, sendo que hoje se conhece a localização de apenas sete delas. Essa sua “primeira fase” é caracterizada por representações da paisagem brasileira fiéis à realidade, porém, com poucos detalhes na composição. Após sua volta à Holanda, teve início o que ficou conhecido como sua “segunda fase”, com pinturas da paisagem brasileira realizadas a partir de esboços e desenhos feitos no país. Os anos de 1660 a 1670, sua “terceira fase”, são considerados os mais importantes, pois nessa época Post pintou os elementos da natureza encontrados no Nordeste brasileiro, reorganizando-os segundo a sua imaginação. Em Paisagem com tamanduá (circa 1660) o animal aparece em primeiro plano, na parte inferior direita da tela, acompanhado por um sapo e um tatu — típicos da fauna brasileira. A comitiva com um casal branco e escravos, entre crianças e adultos, descansa a caminho do vilarejo de pequenas casas. As árvores escuras do primeiro plano, nas bordas, parecem emoldurar uma paisagem que se apaga aos poucos, à medida que ganha os tons de azul além do rio e das colinas. Trata-se de uma imagem didática: o europeu conheceria os aspectos da colônia por meio da imagem.
— Equipe curatorial MASP, 2015
Por Guilherme Giufrida