Comprado pela casa Wildenstein como um Tiziano, o Retrato de Alvise Contarini (?) foi-lhe atribuído por diversos estudiosos como L. Venturi (que o data de c. 1550), Suida (que o data de c. 1540), Berenson, Bologna e nalmente Pallucchini, que o atribui a um seguidor do mestre. Wethey inclui-o em seu catálogo na seção das obras de escola de Tiziano. A atribuição a Tiziano foi recusada por A. Morassi (comunicação oral ao museu), e já desde 1959, aproximadamente, Bardi mudava a atribuição do quadro Retrato de Alvise Fontarine (?) em favor de Bordon. Esta nova atribuição foi reiterada, de modo independente, por Fossaluzza. Segundo Fossaluzza (1985, p. 193), conviria distinguir duas tendências na retratística de Bordon, uma mais intimista e outra mais celebrativa, na qual se inseriria de modo emblemático o retrato do Masp. Para Wethey, conviria datar a obra de c. 1525, enquanto para Berenson e Wildenstein (s.d.) a obra dataria de c. 1545.
Abraham Hume (1829, p. 66) identicava erroneamente o retratado com o famoso poeta latinista Andrea Navagero (amigo de Tiziano, retratado por Rafael e morto em 1529), acrescentando que a obra era oriunda do palácio Contarini, em Veneza. Desta menção, emergiu a hipótese de tratar-se de um retrato de um Contarini, mencionada por Ridol em 1646 (1648, ii, p. 225), ainda então pertencente àquela família. A hipótese é reforçada por Eleonora Fatigati (carta ao museu de 11/3/1994), que identifica o retratado com Alvise Contarini, baseando-se para isso numa comparação entre este retrato e um busto em mármore do mesmo personagem, assim como também com uma gura no primeiro plano do Milagre de Santa Agnes, de Jacopo Tintoretto, conservada na igreja veneziana da Madonna dell’Orto, obra encomendada ao artista – sempre segundo Fatigati – pelo tio de Alvise, Tommaso, e por ele próprio. Assim como no retrato de Cristoforo Madruzzo, de Tiziano, no Masp, o provável Alvise Contarini mostra um relógio de mesa, um orologio da tavola, idêntico aos conservados, por exemplo, no Museu Poldi Pezzoli de Milão. Ele poderia representar uma metáfora do uxo do tem- po, caso em que o retrato adquiriria uma conotação moralizante ou melancólica, na tradição da iconografia da Vanitas.
— Autoria desconhecida, 1998