A hipotética identificação do retratado com Piero de Medici é confirmada pela inscrição moderna no verso do quadro Retrato de um Fidalgo Florentino (Piero de Medici?). O modelo pode pertencer efetivamente à família Medici, dadas suas semelhanças sionômicas com Cosimo I e com um de seus filhos, Ferdinando, mas principalmente com o modelo de um retrato, considerado de um Medici,
conservado na Galerie Liechtenstein, em Viena, atribuído a Bronzino.
Originariamente pertencente à coleção dos príncipes Barberini, a obra foi vendida em leilão na Casa Antonina, Roma, em 1935. Em 1912, Gsell Fels em seu guia de Roma (p. 688) apresenta a tela como exposta na Sala III
do Palazzo Barberini, com uma atribuição a Bronzino. Um catálogo, sem indicação de data, intitulado simplesmente
Catalogue Galerie Barberini, descreve a obra como: “Portrait de Gentilhomme vêtu en noir avec collier de dentelles”, também com atribuição a Bronzino. Em 1928, McComb, em sua monografia sobre o artista, insere o painel em seu catálogo com a
indicação “Possibly by Salviati” (p. 118). Adquirida ainda com a antiga menção a Bronzino, a obra foi atribuída desde 1978 a Alessandro Allori ou a seu ateliê por Robert Simon (carta a P. M. Bardi, na documentação do
Masp): “I believe the picture to be by Alessandro Allori ...or by him with workshop participation. As evidence, may I point to a three-quarter length portrait of the same man in the same pose attributed to Allori
which was sold from the collection of Morris Kaplan (Chicago) at Sotheby’s, London, June 12, 1968, Lot n. 1”. Trata-se da mesma obra ilustrada por F. Cappi Bentivegna em
Abbigliamento e costume nella pittura italiana. Rinascimento, Roma, 1962, p. 483, com uma atribuição hipotética a Allori. Neste volume, o autor refere-se ao retrato como pertencente outrora à coleção da duquesa de la Rouchefoucauld, em Paris. O quadro do Masp, por suas
dimensões menores e pela composição simplificada, parece portanto ser uma réplica da versão realizada no ateliê de Allori, que estava primeiro em poder da duquesa de la Rouchefoucauld e depois em poder de Morris
Kaplan, em Chicago, antes de sua passagem pela Sotheby’s de Londres em 1968. A obra foi considerada uma cópia oitocentista por vários estudiosos, mas um reexame recente deste retrato por Andrea Rothe, Philippe
Costamagna e Paul Joannides, resolutos partidários de uma atribuição pelo menos ao ateliê de Alessandro Allori, leva-nos a rever o ponto de vista inicial e a reinserir a obra no catálogo do Masp com essa atribuição.