MASP

Francisco Goya y Lucientes

Retrato do cardeal don Luis Maria de Borbon y Vallabriga, 1798-1800

  • Autor:
    Francisco Goya y Lucientes
  • Dados biográficos:
    Fuendetodos, Espanha, 1746-Bordeaux, França ,1828
  • Título:
    Retrato do cardeal don Luis Maria de Borbon y Vallabriga
  • Data da obra:
    1798-1800
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    200 x 115,5 x 3,5 cm
  • Aquisição:
    Doação Orozimbo Roxo Loureiro, 1951
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00173
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



Em 1774, Goya fez alguns desenhos sobre a vida do povo para tapeçarias da corte de Madri. Esses trabalhos foram o ponto de partida da rápida carreira do artista, que caiu no gosto da aristocracia espanhola. Ao mesmo tempo que pintava retratos das elites locais, Goya produzia, em paralelo, séries sarcásticas e caricaturais, que refletiam os horrores do seu tempo. O artista alcançou os mais altos postos acadêmicos, como a diretoria da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, e a posição de pintor de câmara do rei Carlos IV (1748-1819), em 1789. Em decorrência da surdez, causada por uma doença, Goya abandonou ambos os cargos em 1797. O Retrato do cardeal Luis Maria de Borbon y Vallabriga (1798-1800) é um dos quatro pintados por Goya nos quais o religioso aparece, sendo: um retrato de infância, um retrato de família e dois pintados após sua nomeação religiosa. Acredita‑se que essa versão tenha sido produzida por ocasião de sua nomeação a cardeal e arcebispo de Sevilha, quando tinha aproximadamente 20 anos. Ele carrega as insígnias da Ordem Carlos III e do Espírito Santo e um breviário aberto, livro que reúne as orações diárias dos cardeais. Há uma iluminação teatral concentrada sobre ele e o seu entorno, de modo que não se perceba até onde vai o fundo da pintura. Essa continuidade do espaço e as cores intensas criam o contraste dramático e um pouco soturno que marca o estilo do pintor.

— Equipe curatorial MASP





O retratado em Retrato do Cardeal Luis María de Borbón e Vallabriga, confundido por Desparmet Fitz-Gerald, é o filho primogênito do casamento morganático de Luis Antonio de Borbón e de doña María Teresa de Vallabriga, a infanta, como era conhecida em Saragoça quando, já viúva e ostentando o título de condessa de Chinchón, habitava o palácio da rua de San Jorge, ao qual daria seu nome (Rincón Garcia 1992, n. 35). Nascido em 1777, em Cadalso de los Vidrios (Madri), Luís María recebe do Papa em 1800 os títulos de cardeal e arcebispo de Sevilha, que depois seriam transferidos para Toledo. Segundo Gudiol e Rincón Garcia, o ensejo para a fatura do retrato pode ter sido a cerimônia de posse do arcebispado. Seu pai, que havia renunciado à coroa, era irmão de Fernando VI e de Carlos III, filho do rei Filipe V e neto de Luis XIV. Goya conhecia-o bastante bem, uma vez que o pai, Luis Antonio, fora o primeiro membro da casa real a encomendar-lhe, em 1783, retratos dele mesmo, da família, de parentes e amigos, convidando-o para tanto a uma estada de quatro semanas em sua residência de Arenas de San Pedro, a uma centena de quilômetros de Madri. Goya retratou-o duas vezes, uma na idade de seis anos (Madri, coleção privada, De Angelis n. 157), e a segunda no retrato de família em Florença, coleção Rúspoli, depois Magnani (De Angelis, n. 165). O cardeal era também cunhado de Godoy, marido de sua irmã, a célebre condessa de Chinchón, também retratada por Goya. O retrato no Masp pertenceu igualmente à coleção do príncipe Rúspoli. No retrato em questão, o jovem cardeal terá pouco mais de 20 anos. Ele se faz representar com as insígnias das ordens de Carlos III e do Espírito Santo e segura um breviário. O acorde de tons vermelhos e cinzas na tela, tonalizado por um jogo denso de veladuras, é de uma suntuosidade, de um arrojo e de uma amplitude verdadeiramente sinfônicas, anunciador dos ensaios de planeidade e de superfícies puramente cromáticas de pintores do pleno Oitocentos, como Whistler e Manet. O Prado conserva outro retrato do cardeal-infante, um pouco mais velho, obra de dimensões ligeiramente maiores (214 x 136 cm), que se encontrava anteriormente na igreja de Santa Maria di Monserrato, em Roma. Conhecem-se, além disso, diversas cópias e um suposto estudo da cabeça, exposto em 1937, e depois perdido.

— Autoria desconhecida, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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