Considerado um dos pioneiros da arte cinética, Abraham Palatnik viveu em Tel Aviv, Israel, quando criança, retornando ao Brasil em 1948. A partir da década de 1950, iniciou suas experimentações, que a princípio consistiam em associar combinações cromáticas, campos de luz e o movimento. Sua obra é pioneira no uso de fontes luminosas artificiais e na exploração de seus efeitos e particularidades, como o dinamismo, a fluidez, a irradiação e a refração. O rigor geométrico é uma constante em seu trabalho, atuando como importante recurso de ordenação do espaço nas composições.
A partir da década de 1960, o artista passou a se dedicar ao que denominou objetos cinéticos. Nesse momento de sua produção, Palatnik deslocou a movimentação do objeto para o espectador, estimulando-o a fruir a obra a partir de várias perspectivas. Os trabalhos de Palatnik também dependem essencialmente das condições de luz no ambiente. Ambos, olhar e luz, participam de maneira direta da dinâmica de construção da forma desses relevos tridimensionais. Em sua busca pelos componentes cinéticos intrínsecos à natureza dos materiais, o artista desenvolveu pesquisas com vários suportes. Trabalhou, primeiramente, a partir de uma pesquisa plástica com os veios da madeira. Depois, com o cartão, como se vê na obra Sem título (1980). Neste trabalho, em vez de usar a superfície do papel, sobrepôs várias folhas, criando um aglomerado, e em seguida as cortou pelo topo, formando curvas irregulares que se estendem até a moldura. Esses relevos progressivos revelam sinuosidades e ritmos bem construídos.
— Guilherme Giufrida, assistente curatorial, MASP, 2018