MASP

Por Hanayrá Negreiros
Os trabalhos da 1ª Temporada do projeto MASP Renner que teve a participação da curadora-adjunta de moda Patrícia Carta foram entregues em 2019 e dão continuidade a outro conjunto de vestidos selecionados nos anos de 1960 pelo diretor fundador do MASP, Pietro Maria Bardi (1900-1992), que resultou na coleção MASP Rhodia. Tanto no antigo projeto, como agora, a ideia principal é alçar a moda e, consequentemente, as roupas como trabalhos de arte, dignos de estarem em espaços museológicos. No projeto mais recente, artistas e estilistas foram convidados a formarem duplas com a ideia de criar peças que levassem o público a compreender a arte do vestir e os seus desdobramentos. Daniel Senise e Gilda Midani, por exemplo, elaboraram peças que são permeadas pelos fazeres artísticos dos dois: as ações do tempo, a inspiração pela natureza, o desgaste das formas e a presença de um mix de tons ferrosos e terrosos tingem as peças feitas em tecidos fluidos e transparentes que, mesmo parados pela ausência de um corpo em movimento, parecem se mexer. Na peça em destaque feita em decote quadrado, lembrando um pouco as antigas modelagens europeias Império do começo do século 19 — com recorte logo abaixo do busto —, vemos as alças médias que seguram e revelam detalhes em pequenas placas metálicas bordadas, que mais se assemelham a escamas de peixes douradas, em um jogo de referências dos reinos animal e mineral, terminando em formas leves e assimétricas formadas pelas várias camadas de tecido em tons acobreados e neutros.

— Hanayrá Negreiros, curadora adjunta de moda, MASP, 2021

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