Abel Rodríguez (1941-2025) nasceu na Amazônia colombiana, como membro das comunidades Nonuya e Muinane. Seu nome indígena, Mogaje Guihu, significa “pena de gavião brilhante”, referência a seu pertencimento ao clã Gavilán. Rodríguez foi instruído desde a infância para ser um sabedor, isto é, um depositário de conhecimentos botânicos. Nos anos 1990, fugindo dos conflitos armados que ocorriam em sua região natal, mudou-se para Bogotá, onde, em contato com a fundação holandesa Tropenbos, foi incentivado a desenhar para registrar e compartilhar seus conhecimentos sobre a floresta. A partir daí, sua produção passou a ser gradualmente reconhecida, o que o tornou um dos artistas latino-americanos mais importantes da atualidade e com ampla participação no cenário de arte internacional.
Os extraordinários desenhos de Rodríguez mostram as interações de diversas espécies botânicas e de animais, os ciclos e a ação do tempo na floresta, além de conterem anotações sobre os usos práticos e simbólicos das plantas. O artista descreve de maneira detalhada as intrincadas formas das folhas, as texturas e os tamanhos das árvores, registrando seu território de origem a partir de suas memórias. A “árvore da vida e da abundância”, que dá título a esta exposição, é outro tema recorrente em sua produção e faz referência ao principal mito de origem dos povos Nonuya e Muinane. Para eles, a primeira árvore criada no mundo é creditada como a matriz da floresta e de todos os seres. Estes, por sua vez, precisam identificar as frutas que são comestíveis ou não, o que os levará a uma série de disputas até atingirem a harmonia entre humanos e não humanos.
Esta é a primeira exposição individual póstuma de Abel Rodríguez e reúne 65 desenhos, produzidos entre 2006 e 2025. A mostra está organizada em quatro núcleos que lançam luz sobre os aspectos e os temas centrais da prática do artista: árvores mitológicas, desenhos botânicos, ciclos e natureza integrada.
Abel Rodríguez—Mogaje Guihu: A árvore da vida e da abundância é curada por Adriano Pedrosa, diretor artístico, e Leandro Muniz, curador assistente, MASP. A exposição integra o ano dedicado às Histórias da ecologia no Museu, que inclui monográficas de Clarissa Tossin, Claude Monet, Frans Krajcberg, Hulda Guzmán, Minerva Cuevas, André Taniki Yanomami, do coletivo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), e mostras na Sala de Vídeo de Emilija Škarnulytė, Inuk Silis Høegh, Janaina Wagner, Maya Watanabe, Tania Ximena e do projeto Vídeo nas Aldeias, além da coletiva Histórias da ecologia.
Desde 2019, o MASP conta com um grupo de trabalho de sustentabilidade e desenvolve ações como descarbonização, compra de energia renovável e um programa de gestão de resíduos — iniciativas que este ano se somam à programação de Histórias da ecologia. O novo edifício Pietro Maria Bardi também incorpora soluções sustentáveis, tendo conquistado a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED).
SOBRE O ARTISTA
Abel Rodríguez (Cahuinarí, Colômbia, 1941–2025), cujo nome indígena é Mogaje Guihu, nasceu às margens do Rio Cahuinarí, na Amazônia colombiana, e é originário das comunidades Nonuya e Muinane. Sua data de nascimento exata é incerta — a mais provável é 1941, mas aparecem os anos 1940 e 1944 em publicações e exposições —, pois, como outros povos da região central da floresta amazônica, os Nonuya e os Muinane medem o tempo de forma diferente. Desde a infância, foi treinado para ser um sabedor, depositário dos conhecimentos sobre as espécies botânicas da floresta, seus usos práticos e simbólicos. Nos anos 1990, fugindo dos conflitos armados em sua região natal, mudou-se para Bogotá, onde, em contato com a fundação holandesa Tropenbos, foi incentivado a desenhar para registrar e compartilhar suas memórias. Rodríguez participou de diversas exposições, entre as quais documenta de Kassel (2017), Bienal de São Paulo (2021), Bienal de Sydney (2022) e Bienal de Veneza (2024).
CATÁLOGO
Será publicado um catálogo bilíngue, em inglês e português, reunindo imagens e textos sobre a exposição e a obra do artista de forma mais ampla. O livro tem organização editorial de Adriano Pedrosa e Leandro Muniz, e inclui textos de Catalina Vargas Tovar, Denilson Baniwa, José Roca, Leandro Muniz e Oscar Roldan Alzate. O catálogo também conta com um glossário, organizado por Muniz e David Queiroz, assistente de pesquisa, que evidencia termos da cosmovisão Nonuya-Muinane e conceitos fundamentais do trabalho de Abel Rodríguez.
LOJA MASP
Em diálogo com a exposição, a Loja MASP apresenta produtos especiais de Abel Rodríguez — Mogaje Guihu: A árvore da vida e da abundância, que incluem bolsas, postais magnéticos, cartazes, marca-páginas, garrafas, camisetas, cadernetas e blocos de notas.
REALIZAÇÃO
Abel Rodríguez — Mogaje Guihu: A árvore da vida e da abundância é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e patrocínio da Vivo.
SERVIÇO
Abel Rodríguez — Mogaje Guihu: A árvore da vida e da abundância
Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Leandro Muniz, curador assistente, MASP
10.10.25 — 5.4.26
1° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi
MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1510 – Bela Vista, São Paulo, SP 01310-200
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta e quinta das 10h às 18h
(entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e
domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas.
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 75 (entrada); R$ 37 (meia-entrada)
Site oficial
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Todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em Libras ou descritivas, além de textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil — com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos, disponíveis no site e no canal do YouTube do museu, podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados em geral.