Acervo em transformação é a exposição de longa duração que traz uma seleção de obras da coleção do MASP. A característica marcante da mostra é estar em constante modificação, com a entrada e saída de obras em razão de empréstimos, novas aquisições e rotatividade, por isso o seu título. Nesse sentido, oferecemos uma planta-folheto com a localização das obras e a data em que foi realizada a última “transformação”.
Uma singularidade desta mostra é o uso dos cavaletes de vidro, sistema radical de expor obras, concebido especialmente para este espaço por Lina Bo Bardi (1914-1992), também autora deste edifício, inaugurado em 1968. Retirar as obras da parede e colocá-las nos cavaletes possibilita um encontro mais próximo do público com esses trabalhos. As legendas, que trazem os dados das obras, foram instaladas no verso dos cavaletes, pois a ideia original de Lina era de que o primeiro encontro do visitante com os trabalhos fosse mais direto, livre de contextualizações e de informações de autoria, título e data. Nos cavaletes, as obras parecem suspensas no ar e, em uma galeria ampla e sem paredes, o visitante caminha por uma espécie de “floresta” de quadros. O público é assim levado a construir seus próprios caminhos, o que permite justaposições inesperadas e diálogos entre arte africana, brasileira, latino-americana e europeia. A galeria aberta, fluida, transparente e permeável oferece múltiplas possibilidades de acesso e leitura, elimina hierarquias, roteiros predeterminados e convida o espectador a entrar em contato com diversas histórias da arte.
Na semana do dia internacional da mulher — 8 de março —, as obras dos artistas homens serão instaladas no verso dos cavaletes. Esse gesto, além de destacar a produção das artistas mulheres, também chama a atenção para o desequilíbrio que existe entre o número de artistas homens e o número de artistas mulheres que há nesta exposição, um reflexo da coleção do museu. O coletivo de artistas estadunidense Guerrilla Girls realizou uma exposição no MASP em 2017 e criou um cartaz, aqui exposto, que aborda essa disparidade e sinaliza a necessidade de uma resposta da instituição para essas questões. As constantes transformações da exposição procuram também fortalecer a presença de artistas mulheres nesta galeria. O atual percentual dessas artistas em exposição é constantemente atualizado na planta-folheto, em contraposição aos 6% observados pelas Guerrilla Girls em outubro de 2017. Essa iniciativa ganha relevância particular no ano em que toda a programação do Museu é dedicada às Histórias das mulheres e às Histórias feministas.
O caráter vivo e dinâmico do Acervo em transformação se desdobrou em um programa de intercâmbios com museus do mundo todo. Desde 2018, a cada ano, o Museu vai mostrar uma seleção de obras de uma instituição parceira nos cavaletes, em diálogo com nosso acervo. Depois da Tate em 2018, a partir de 4 de abril de 2019, o MASP apresenta, por nove meses, dezoito obras do Museu de Arte Contemporânea de Chicago.