MASP

AGOSTINHO BATISTA DE FREITAS, SÃO PAULO

10.12.2016-9.4.2017

Esta exposição reúne 74 pinturas realizadas entre as décadas de 1950 e 1990, incluindo cinco telas recentemente doadas ao acervo do MASP, fazendo com que, pela primeira vez, a obra de Agostinho Batista de Freitas (1927--1997) esteja presente na coleção do Museu, corrigindo uma lacuna histórica.

O foco aqui são as representações de São Paulo, assunto de que Batista de Freitas se ocupou durante toda a sua trajetória. Nesse caso não se trata apenas de uma extraordinária quantidade de pinturas sobre a cidade, algo singular para São Paulo, mas da qualidade e da variedade desses trabalhos, diversi cados e surpreendentes em suas composições, coloridos, pontos de vista e enquadramentos.

Nesta mostra a relação de Batista de Freitas com a cidade se faz presente mediante diversos agrupamentos de obras, organizados em leiras, que vão desde a representação do edifício do Museu, na avenida Paulista, até as vistas aéreas do centro de São Paulo, passando por cenas do cotidiano na Zona Norte, onde o artista vivia, e situações coletivas de diferentes naturezas, que incluem as viagens, as festas, os divertimentos e as manifestações religiosas.

Instalada na arquitetura franca e direta de Lina Bo Bardi (1914-1992), com suas transparências e aberturas para a paisagem urbana, a obra de Batista de Freitas convida a uma visão ativa sobre São Paulo, com suas complexas dinâmicas urbanas, histórias e diferenças sociais.

Agostinho Batista de Freitas, São Paulo faz parte de um importante eixo da direção artística do MASP, que pretende questionar os conceitos de arte erudita e popular, dedicando mostras a artistas autodidatas, frequentemente de origem humilde ou reclusos, operando fora dos circuitos tradicionais do sistema da arte.

Essas estratégias hoje comportam ainda a reencenação de A mão do povo brasileiro, uma das mais célebres e polêmicas exposições organizadas pelo Museu, e a realização de mostras que privilegiam a leitura de temas populares no modernismo brasileiro, como Portinari popular. A ideia é construir um museu aberto, múltiplo e plural, que seja permeável a diversas culturas. 

As histórias de Batista de Freitas e do MASP se misturam. O diretor fundador do MASP, Pietro Maria Bardi (1900-1999), introduziu o trabalho do artista no circuito de arte ao realizar sua primeira individual, em 1952. Ele tinha apenas 25 anos de idade, morava no bairro do Imirim, na Zona Norte de São Paulo, pintava e mostrava suas obras nas ruas do centro de São Paulo, onde Bardi o conheceu. 

Parte fundamental deste projeto é a publicação de um extenso catálogo, com reproduções de todas as obras em exibição, documentos raros e fotogra as de época, além de seis ensaios inéditos dos curadores e de críticos especialmente convidados a produzir novas re exões sobre um artista até então marginalizado pela  história da arte oficial.

CURADORIA Fernando Oliva, curador, MASP; Rodrigo Moura, curador-adjunto de arte brasileira, MASP.