Seja no palco ou em vídeo, a bailarina e coreógrafa Ana Pi evoca uma perspectiva descolonizada do corpo, libertando-o de estigmatizações e clichês. Através de seu trabalho e como resultado de suas pesquisas, ela também se interessa pelo desenvolvimento de uma prática pedagógica para estabelecer um diálogo mais direto com o público. Nos últimos anos, realizou o projeto Corpo Firme: danças periféricas, gestos sagrados, criando conexões e estabelecendo referências comuns entre danças urbanas e vestígios de gestos ancestrais presentes nas diásporas negras.
Vós (2011), o vídeo apresentado nesta exposição, é uma obra com grande significado simbólico, pois se situa cronologicamente num momento de transição entre duas etapas da vida: de estudante a bailarina profissional. A câmera mostra um encontro emotivo no qual a artista dança para Alexina da Conceição Oliveira e Terezinha dos Reis Moura, suas avós, cujas vozes ouvimos em off abordando sua maneira de dançar ou suas ideias sobre a dança e o que ela representa em suas vidas. Um encontro em que a dança, enquanto linguagem, transmite conhecimento, emoções e imagens através do corpo e de seu movimento.
Ana Pi estudou no Palácio das Artes em Belo Horizonte, na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia e no Centre Chorégraphique National de Montpellier, na França. Seu trabalho participou de vários festivais e foi apresentado em teatros na América Latina, na Europa e África. Em 2018, recebeu o “Prêmio Revelação” da Cooperativa Paulista de Dança, em São Paulo. Em 2019, recebeu a bolsa de pesquisa do MoMA-Cisneros Institute.
Ao longo de 2021, os vídeos aqui apresentados integram o ciclo de Histórias brasileiras.
CURADORIA María Inés Rodríguez, curadora-adjunta de arte moderna e contemporânea, MASP