O MASP apresenta a Sala de vídeo: Cecilia Vicuña, que exibe o vídeo Quipu Mapocho (2017). Com curadoria de Kássia Borges, curadora-adjunta de arte indígena, MASP, a obra registra uma série de performances da artista ao longo do rio Mapocho, no Chile, que trazem perspectivas sobre a vida, a morte, a cultura, a memória e a história deste território.
Cecília Vicuña Ramírez (Santiago, Chile, 1948) é uma poeta, cineasta, ativista e artista visual chilena radicada em Nova York. Em sua produção, trilha pelo caminho do ecofeminismo e trata das políticas de destruição ecológica, homogeneização cultural e disparidade econômica. Por meio da linguagem escrita, de instalações e vídeos, sua arte perpassa várias dimensões que envolvem a terra. Ao articular poesia, vídeo, pintura e ritual, a artista resgata conhecimentos indígenas sobre o poder das mulheres e os saberes dos seres da floresta.
O vídeo Quipu Mapocho é um recorte de seu trabalho no rio Mapocho, no Chile. Com 110 km de comprimento, o rio nasce na cidade de Lo Barnechea, passa pelas cidades de Província, Santiago e Maipú, e encontra-se com o Rio Maipo que desemboca no Oceano Pacífico, próximo à cidade costeira de Llolleo. Ao mergulhar nas múltiplas camadas de sentido que perpassam esse rio, a artista o descreve como um rio de morte, já que, além de estar atualmente contaminado com esgotos e resíduos químicos, foi um local onde a ditadura chilena despejou os corpos de pessoas torturadas e mortas.
Vicuña cria tecelagens e nós com lã ao longo do rio, num esforço para curar este sítio das violências ecológica e política e, assim, recuperar o lugar sagrado conferido pela história e cultura indígena. “Os sons e as imagens trazem um eco de ancestralidade sem querer ser belo, mas estético, no sentido literal da palavra, despertando todos os sentidos do corpo ao assistir ao filme”, reflete Kássia Borges.
Sala de Vídeo: Cecilia Vicuña encerra a programação da Sala de Vídeo de 2023, que tem como temática as Histórias indígenas no MASP e, ao longo do ano, incluiu mostras do Coletivo Bepunu Mebengokré, Sky Hopinka, Brook Andrew, Glicéria Tupinambá e Alexandre Mortagua.
SOBRE CECILIA VICUÑA
Cecilia Vicuña nasceu em Santiago do Chile em 1948 e cresceu em La Florida, no vale do Maipo. Em 1966, ingressou na escola de arquitetura da Universidade do Chile, em Santiago, mas, posteriormente, mudou para a escola de Belas Artes. Em 1967, fundou o grupo de artistas e poetas Tribu No e a revista mexicana El Corno Emplumado, em que publicou seu primeiro poema. Recebeu seu MFA da Universidade do Chile, em 1971, e mudou-se para Londres com um British Council Award, em 1972, para frequentar a Slade School of Fine Art. Em 1973, exilou-se em Londres e concentrou-se principalmente no ativismo político, manifestando-se em protestos pacíficos contra o fascismo e as violações dos direitos humanos no Chile e em outros países. É membro fundadora do Artists for Democracy e organizou o Festival de Artes para a Democracia no Chile no Royal College of Art, em 1974. Em 1975, Vicuña deixou Londres e mudou-se para Bogotá, na Colômbia, para realizar pesquisas independentes sobre arte e cultura indígenas. Na década de 80 expôs seu trabalho no MoMA, no Alternative Museum e no Center for Inter American Relations, em Nova York. Mais tarde, Vicuña realizou diversas exposições individuais nos Estados Unidos, como Precarious, na Exit Art, Nova York (1990); El Ande Futuro, no University Art Museum, Berkeley, Califórnia (1992); e Cloud-Net, exposição itinerante no Hallwalls Contemporary Arts Center, Buffalo, NY (1998). Recentemente, a artista expôs no Museo de Bellas Artes, Santiago, Chile (2023); Tate Modern, Londres, Reino Unido (2022); Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, EUA (2022); Museo de Arte Miguel Urrutia (MAMU), Bogotá, Colômbia (2022) e na 59ª Bienal de Veneza (2022). Em 2023 a artista recebeu o Prêmio Nacional de Artes Plásticas do Chile.
SALA DE VÍDEO: CECILIA VICUÑA
Curadoria de Kássia Borges, curadora-adjunta de arte indígena, MASP