MASP

Arte contemporânea paraense: leituras e escrituras híbridas

Horário
19H – 21H
Duração do Módulo
ONLINE
9.10 – 1.11.2023
SEGUNDAS E QUARTAS
(8 AULAS)
Investimento

PÚBLICO GERAL
5X R$ R$ 76,80
AMIGO MASP
5X R$ 65,28
*VALORES PARCELADOS NO CARTÃO DE CRÉDITO

Coordenação
Mateus Nunes

O objetivo do curso é apresentar imagens e narrativas na arte contemporânea paraense, incorporando-as à imensa diversidade das histórias brasileiras. Com um recorte temporal que privilegia artistas atuantes, com produção de 1980 ao presente, serão debatidas obras e seus artistas em múltiplas plataformas artísticas, como pintura, fotografia, desenho, grafite, performance, cinema e intervenção. O Pará é fruto de hibridismos culturais únicos, desde as sólidas tradições indígenas, a invasão europeia, a presença negra e asiática, o impulso de modernidade pelo ciclo da borracha, o posterior declínio econômico e a sua atual reinvenção. Dessa forma, o que faz com que a produção paraense, ao mesmo tempo, se diferencie e se integre ao cenário brasileiro? O curso busca abordar esta questão, discutindo sobre os hibridismos culturais que constituem a sociedade paraense e que são materializados nessa produção artística, rompendo com estereótipos de exotismo e preconceitos regionalistas. As aulas pretendem observar, com um olhar atento e transdisciplinar, temas como a constituição de uma estética híbrida, narrativas nativas, relações do indivíduo com a paisagem, resistência e ativismo, e questionamentos sobre invisibilidade regional.



IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.

 

Planos de aulas

Aula 1 - 9.10.2023
Como se constitui uma estética híbrida? 

Objetiva-se debater sobre as múltiplas possibilidades de expressões artísticas que contribuem para a formação de uma estética contemporânea paraense plural e que se opõe à noção de “visualidade amazônica” preconizada pela crítica de arte já obsoleta. Nesta aula, analisaremos obras de Emmanuel Nassar, Jorge Eiró, Flavya Mutran, Keyla Sobral e Emanuel Franco.

Aula 2 - 11.10.2023
Aproximações das narrativas nativas: consolidação de identidade imagética

Nessa aula, serão discutidas histórias transculturais e expressões locais que se consolidam nas obras de alguns artistas paraenses, com narrativas próximas às tradições populares paraenses, especialmente a população ribeirinha. Destaque para obras de Luiz Braga, Luciana Magno, Paulo Ribeiro, Paula Sampaio e Armando Sobral.

Aula 3 - 16.10.2023
Corpo e lugar: especificidades do eu

Serão apresentadas obras de artistas que se dedicam à representação do paraense como sua figura central, além das relações do indivíduo com a paisagem. Expõe personagens e cenários: o ribeirinho, o indígena, o híbrido, o outro; a cidade, a rua, o rio, a floresta. Discutiremos sobre as obras de Elza Lima, Miguel Chikaoka, Marise Maués, Mariano Klautau Filho, Elisa Arruda e Bené Fonteles.

Aula 4 - 18.10.2023
Às margens: a dinâmica centro-periferia

Os alunos serão conduzidos por obras de artistas que enfaticamente questionam paradigmas que definem o que é central e o que é periférico na sociedade e nas artes. Examinaremos obras de Éder Oliveira, PV Dias, Guy Veloso, Marinaldo Santos e Dina Oliveira.

Aula 5 - 23.10.2023
Conferência com Nay Jinknss

Estou aqui, sempre estive e sempre estarei: a importância da fotografia como bem querer
Esta aula será dividida em dois momentos. No primeiro, iremos trabalhar com o acervo de fotógrafos do período imperial, como Alberto Henschel e Augusto Fidanza, a entender como suas imagens constroem um imaginário exótico/racista, que se reforça e conecta com artistas da nossa contemporaneidade. O segundo momento abordará a importância da fotografia como bem querer, contranarrativa e rizoma de resistência. Falaremos dos trabalhos de José Ezelino, Irene Almeida, Monica Cardim, Rafael Fernando e outros.

Aula 6 - 25.10.2023
Conferência com Rafael Bqueer
Práticas de desobediência: corpo e arte política

Nessa aula, objetiva-se compreender processos políticos, históricos e de revolta popular na Amazônia, através das obras das artistas: Festa da Chiquita, Arthur Leandro, Qualquer Coletivo, Noite Suja, Coletivo das Themônias, Uýra Sodoma, Labō Young, Rafa Matheus Moreira, Nay Jinknss e Rafael Bqueer. Em suas práticas, questionam a história oficial da região, incorporando elementos, adornos e ações afirmativas por uma diversidade preta, indígena, periférica e LGBTQIA+ na história da arte paraense.  

Aula 7 - 30.10.2023
Conferência com Lorenna Montenegro 
Interseções

“A Amazônia está destinada a ser a fonte imaginária do paraíso perdido”. A paráfrase da historiadora do cinema Selda Vale da Costa fala reforça uma certa visão estética da região amazônica que é alienante e excludente. Contrapondo ao olhar colonizador, que exotiza  diferentes visões sobre a floresta presentes em produções audiovisuais como Noites Alienígenas (2022, de Sérgio de Carvalho), Reflexo do Lago (2021, de Fernando Segtowick), Segredos do Putumayo (2020, de Aurélio Michiles) e Para Ter Aonde Ir (2016, de Jorane Castro) e Terruá Pará (2023, de Jorane Castro).

Aula 8 - 1.11.2023
Conferência com Moara Tupinambá
Arte e retomadas indígenas no Pará

Nesta aula, pretende-se analisar as poéticas e os ativismos de artistas paraenses da cena indígena para’wara através das obras de Daniel Munduruku, Vandria Borari, Diego Godinho Kayapó, As Karuana, Coletivo Quadrinistas Indígenas, Varusa e Sarita Themonia. Da literatura às artes visuais, trazem em suas práticas cosmologias indígenas, retomadas, pertencimentos, apagamentos, etnocídios, epistemicídios e questionamentos sobre a colonização que ainda reverberam em nossos modos de viver, como também trazem apontamentos para a construção de um futuro mais ancestral.
 

Coordenação

Mateus Nunes (Belém, PA, 1997) é Doutor em História da Arte pela Universidade de Lisboa, com período de intercâmbio na Universidade de São Paulo (USP), onde é professor convidado. Arquiteto e Urbanista pela Universidade Federal do Pará (UFPA). É pesquisador de pós-doutorado em História da Arte e da Arquitetura na USP e na Getty Foundation, com pesquisa sobre hibridismos e intercâmbios culturais da produção artística e arquitetônica barroca e jesuítica na Amazônia Colonial. Concentra-se também em estudos transdisciplinares sobre teoria da arte e arte contemporânea brasileira. Ministra e coordena cursos no MASP Escola sobre barroco brasileiro e arte contemporânea paraense desde 2021.
 

Conferencistas

Lorenna Montenegro (Belém, PA, 1984), crítica de cinema, roteirista, curadora, pesquisadora e professora, nasceu em Belém. Bacharel em Jornalismo pela Universidade da Amazônia, cursou Produção Audiovisual na PUCRS, tem especialização em Cinema e Linguagem Audiovisual na Estácio de Sá e dá aulas no curso Filmworks e na Formação Livre em Roteiro da AIC (Academia Internacional de Cinema). Integra o Coletivo Elviras, o FORCINE, a ABRA (Associação Brasileira de Roteiristas Autores) e a Abraccine - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Ministra oficinas, workshops e minicursos sobre filmologia feminista, gênero e audiovisual, as cineastas pioneiras, crítica, história e estética do cinema/vídeo, a construção de personagens diversas no audiovisual. Coordena o Festival As Amazonas do Cinema. 

Moara Tupinambá (Belém, PA, 1983) tem formação em Comunicação visual, Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Pará. Moara é artista visual, escritora, comunicadora e curadora ativista. Trabalha com múltiplas plataformas como fotografia, literatura, vídeo-entrevistas, pintura, fotografias, colagens, desenhos e instalações. Sua pesquisa e poética percorre cartografias da memória, identidade, ancestralidade e reafirmação tupinambá na Amazônia. É vice-presidente da associação Wyka Kwara. É autora do livro O Sonho da Buya - Wasú, da editora Miolo Mole. Ganhou o 8º Prêmio de Artes do Instituto Tomie Ohtake em 2022, como também o Prêmio 67º Salão Paranaense do Museu de Arte Contemporânea do Paraná em 2020.
 
Nay Jinknss (Ananindeua, PA, 1990) é graduada em Artes Visuais e Tecnologia da Imagem pela Universidade da Amazônia (2016). É artista visual, educadora popular e ativista LGBTQIAP+. Atualmente é mestranda em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará. Documentarista há 13 anos, utiliza a metodologia da fotografia compartilhada e do bem querer elaborada pelo fotógrafo e professor João Roberto Ripper. Como pesquisadora, busca relacionar questões políticas com a fotografia, o fotografo e seu imaginário.
 
Rafael Bqueer (Belém, PA, 1992) tem formação em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará. Trabalha com múltiplas plataformas como fotografia, vídeo e performance. Em seu trabalho, Bqueer investiga o impacto do colonialismo e da globalização por meio de ícones da cultura de massa recontextualizando às complexidades sociais, raciais e políticas do Brasil. Combinando ações com montações que cruzam sua memória com a infância, a obra de Bqueer aborda a questão do racismo, trazendo suas experiências com os desfiles das escolas de samba, arte drag e a cultura de massa das periferias para questionar os símbolos eurocêntricos de poder, bem como a ausência de narrativas afro-brasileiras e LGBTQIA+ na arte-educação e em instituições de arte.