PÚBLICO GERAL
5X R$ R$ 76,80
AMIGO MASP
5X R$ 65,28
*VALORES PARCELADOS NO CARTÃO DE CRÉDITO
O objetivo do curso é apresentar imagens e narrativas na arte contemporânea paraense, incorporando-as à imensa diversidade das histórias brasileiras. Com um recorte temporal que privilegia artistas atuantes, com produção de 1980 ao presente, serão debatidas obras e seus artistas em múltiplas plataformas artísticas, como pintura, fotografia, desenho, grafite, performance, cinema e intervenção. O Pará é fruto de hibridismos culturais únicos, desde as sólidas tradições indígenas, a invasão europeia, a presença negra e asiática, o impulso de modernidade pelo ciclo da borracha, o posterior declínio econômico e a sua atual reinvenção. Dessa forma, o que faz com que a produção paraense, ao mesmo tempo, se diferencie e se integre ao cenário brasileiro? O curso busca abordar esta questão, discutindo sobre os hibridismos culturais que constituem a sociedade paraense e que são materializados nessa produção artística, rompendo com estereótipos de exotismo e preconceitos regionalistas. As aulas pretendem observar, com um olhar atento e transdisciplinar, temas como a constituição de uma estética híbrida, narrativas nativas, relações do indivíduo com a paisagem, resistência e ativismo, e questionamentos sobre invisibilidade regional.
IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.
Aula 1 - 9.10.2023
Como se constitui uma estética híbrida?
Objetiva-se debater sobre as múltiplas possibilidades de expressões artísticas que contribuem para a formação de uma estética contemporânea paraense plural e que se opõe à noção de “visualidade amazônica” preconizada pela crítica de arte já obsoleta. Nesta aula, analisaremos obras de Emmanuel Nassar, Jorge Eiró, Flavya Mutran, Keyla Sobral e Emanuel Franco.
Aula 2 - 11.10.2023
Aproximações das narrativas nativas: consolidação de identidade imagética
Nessa aula, serão discutidas histórias transculturais e expressões locais que se consolidam nas obras de alguns artistas paraenses, com narrativas próximas às tradições populares paraenses, especialmente a população ribeirinha. Destaque para obras de Luiz Braga, Luciana Magno, Paulo Ribeiro, Paula Sampaio e Armando Sobral.
Aula 3 - 16.10.2023
Corpo e lugar: especificidades do eu
Serão apresentadas obras de artistas que se dedicam à representação do paraense como sua figura central, além das relações do indivíduo com a paisagem. Expõe personagens e cenários: o ribeirinho, o indígena, o híbrido, o outro; a cidade, a rua, o rio, a floresta. Discutiremos sobre as obras de Elza Lima, Miguel Chikaoka, Marise Maués, Mariano Klautau Filho, Elisa Arruda e Bené Fonteles.
Aula 4 - 18.10.2023
Às margens: a dinâmica centro-periferia
Os alunos serão conduzidos por obras de artistas que enfaticamente questionam paradigmas que definem o que é central e o que é periférico na sociedade e nas artes. Examinaremos obras de Éder Oliveira, PV Dias, Guy Veloso, Marinaldo Santos e Dina Oliveira.
Aula 5 - 23.10.2023
Conferência com Nay Jinknss
Estou aqui, sempre estive e sempre estarei: a importância da fotografia como bem querer
Esta aula será dividida em dois momentos. No primeiro, iremos trabalhar com o acervo de fotógrafos do período imperial, como Alberto Henschel e Augusto Fidanza, a entender como suas imagens constroem um imaginário exótico/racista, que se reforça e conecta com artistas da nossa contemporaneidade. O segundo momento abordará a importância da fotografia como bem querer, contranarrativa e rizoma de resistência. Falaremos dos trabalhos de José Ezelino, Irene Almeida, Monica Cardim, Rafael Fernando e outros.
Aula 6 - 25.10.2023
Conferência com Rafael Bqueer
Práticas de desobediência: corpo e arte política
Nessa aula, objetiva-se compreender processos políticos, históricos e de revolta popular na Amazônia, através das obras das artistas: Festa da Chiquita, Arthur Leandro, Qualquer Coletivo, Noite Suja, Coletivo das Themônias, Uýra Sodoma, Labō Young, Rafa Matheus Moreira, Nay Jinknss e Rafael Bqueer. Em suas práticas, questionam a história oficial da região, incorporando elementos, adornos e ações afirmativas por uma diversidade preta, indígena, periférica e LGBTQIA+ na história da arte paraense.
Aula 7 - 30.10.2023
Conferência com Lorenna Montenegro
Interseções
“A Amazônia está destinada a ser a fonte imaginária do paraíso perdido”. A paráfrase da historiadora do cinema Selda Vale da Costa fala reforça uma certa visão estética da região amazônica que é alienante e excludente. Contrapondo ao olhar colonizador, que exotiza diferentes visões sobre a floresta presentes em produções audiovisuais como Noites Alienígenas (2022, de Sérgio de Carvalho), Reflexo do Lago (2021, de Fernando Segtowick), Segredos do Putumayo (2020, de Aurélio Michiles) e Para Ter Aonde Ir (2016, de Jorane Castro) e Terruá Pará (2023, de Jorane Castro).
Aula 8 - 1.11.2023
Conferência com Moara Tupinambá
Arte e retomadas indígenas no Pará
Nesta aula, pretende-se analisar as poéticas e os ativismos de artistas paraenses da cena indígena para’wara através das obras de Daniel Munduruku, Vandria Borari, Diego Godinho Kayapó, As Karuana, Coletivo Quadrinistas Indígenas, Varusa e Sarita Themonia. Da literatura às artes visuais, trazem em suas práticas cosmologias indígenas, retomadas, pertencimentos, apagamentos, etnocídios, epistemicídios e questionamentos sobre a colonização que ainda reverberam em nossos modos de viver, como também trazem apontamentos para a construção de um futuro mais ancestral.
Mateus Nunes (Belém, PA, 1997) é Doutor em História da Arte pela Universidade de Lisboa, com período de intercâmbio na Universidade de São Paulo (USP), onde é professor convidado. Arquiteto e Urbanista pela Universidade Federal do Pará (UFPA). É pesquisador de pós-doutorado em História da Arte e da Arquitetura na USP e na Getty Foundation, com pesquisa sobre hibridismos e intercâmbios culturais da produção artística e arquitetônica barroca e jesuítica na Amazônia Colonial. Concentra-se também em estudos transdisciplinares sobre teoria da arte e arte contemporânea brasileira. Ministra e coordena cursos no MASP Escola sobre barroco brasileiro e arte contemporânea paraense desde 2021.