O curso tenciona abordar a arte nacional por um caminho incomum. Nele, será investigada a construção das narrativas canônicas – que, formatadas ao longo do tempo, definiram quais obras, artistas e conceitos deveriam perdurar. Essas narrativas, de certo, não são neutras; representam e informam aspectos importantes para aqueles que as gestaram. Pretende-se promover, portanto, uma leitura crítica das escolhas que levaram a tal conformação e, além disso, o que elas representaram para a cultura do país e o seu impacto. Por outro lado, também será foco de interesse produzir e fomentar novas narrativas, prezando pela pluralidade, pelo acolhimento daquilo que foi silenciado, escondido e subalternizado. Esse ímpeto nasce de uma constatação sobre o presente e de uma tentativa de diálogo. Vive-se uma época sui generis; o alvorecer das práticas artísticas gestadas por agentes outrora subalternizados está profundamente articulado entre a ocupação de espaços (físicos, epistemológicos, estéticos, sensoriais) e uma fortuna crítica que teoriza sua produção. Torna-se necessário entender a arte nacional em outros termos, rumo a um novo humanismo.
IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.
Aula 1 – 29.3.2023
Introdução — Sentidos da narrativa em História da arte
Possibilidades narrativas em História da arte.
Aula 2 – 5.4.2023
O Brasil dos viajantes
A visão que artistas viajantes construíram a respeito do Brasil.
Aula 3 – 12.4.2023
A invenção do barroco brasileiro
O barroco brasileiro, suas aproximações e diferenças com outras experiências.
Aula 4 – 19.4.2023
A invenção do Brasil na arte do século 19 – Parte I
A imagem do Brasil sendo gestada a partir da missão artística de 1816.
Aula 5 – 26.4.2023
A invenção do Brasil na arte do século 19 - Parte II
Artistas da segunda metade do século 19 e sua contribuição para a construção da nação.
Aula 6 – 3.5.2023
Modernismo da Semana de 22
Uma leitura crítica a respeito das obras produzidas pelos artistas da Semana de Arte Moderna de 1922.
Aula 7 – 10.5.2023
Arthur Timotheo da Costa e a pintura de seu tempo
A obra de Arthur Timotheo será o ponto de partida para pensar uma visão alternativa de Brasil sendo gestada.
Aula 8 – 17.5.2023
A arte branco-brasileira
O cânone da história da arte branco-brasileira e suas consequências políticas.
Aula 9 – 24.5.2023
Arte afro-brasileira — Parte 1
Uma gênese da arte afro-brasileira de Heitor dos Prazeres a Rubem Valentim.
Aula 10 – 31.5.2023
Arte afro-brasileira — Parte 2
De Emanoel Araujo a Flávio Cerqueira.
Aula 11 – 7.6.2023
Novos capítulos da Arte Brasileira
Avaliação da nova historiografia da arte brasileira que vem sendo construída ao longo dos últimos anos.
Aula 12 – 14.6.2023
Conferência com Bruno Pinheiro
Modernismo na Bahia
O Modernismo na Bahia e suas especificidades.
Aula 13 – 21.6.2023
Conferência com Nohora Arrieta Fernandez
As mulheres na arte brasileira contemporânea
Uma leitura das mulheres na arte brasileira à luz das experiências afro-latino-americanas.
Aula 14 – 28.6.2023
Arte indígena
A produção de arte indígena contemporânea no Brasil.
Aula 15 – 5.7.2023
Aula presencial
Novas perspectivas da historiografia brasileira
Visita ao Acervo em transformação do MASP.
Kleber Amancio é doutor em História Social pela USP. Foi pesquisador visitante na Harvard University (2014-2015). Atualmente é professor na UFRB, vinculado ao Cecult. Sua principal área de pesquisa é o estudo da representação negra nas artes visuais e a conformação dos cânones na história da arte brasileira.
Nohora Arrieta Fernandez é doutora em História pela Georgetown University. Sua tese investiga obras de arte sobre canaviais produzidas no Brasil e no Caribe nas últimas três décadas (1990-2018). Através de uma abordagem interdisciplinar e da combinação de análise textual e visual, entrevistas e pesquisa de arquivo, seu projeto estuda como, em sociedades tradicionais de plantação, a criação artística remodela e desestabiliza discursos sobre mercadorias, nação e cidadania negra. Nohora está editando e co-traduzindo com Mark Sanders (Universidade de Notre Dame) a poesia dos poetas afro-colombianos Romulo Bustos e Pedro Blas Julio. É colaboradora regular de revistas de arte como a Artishock.
Bruno Pinheiro é graduado em Midialogia pela Unicamp e mestre em Estética pela USP, atualmente é doutorando em História na Unicamp. Em sua pesquisa, analisa as formas como pintores e escultores negros atuantes em Salvador entre 1947 e 1964 negociavam sua participação nas dinâmicas do sistema de arte moderna estabelecido na cidade frente às experiências de racismo sistemático. Entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021, atuou como pesquisador visitante no Institute of Fine Arts da New York University.