O curso tenciona abordar a arte nacional por um caminho incomum. Investigaremos a construção das narrativas canônicas que, formatadas ao longo do tempo, definiram quais obras, artistas e conceitos deveriam perdurar. Questionaremos a suposta neutralidade dessas narrativas, que representam e informam aspectos importantes para aqueles que as gestaram. Pretende-se promover, portanto, uma leitura crítica das escolhas que levaram a tal conformação e, além disso, o que elas representaram para a cultura do país e o seu impacto. Por outro lado, também será foco de interesse produzir e fomentar novas narrativas, prezando pela pluralidade, pelo acolhimento daquilo que foi silenciado, escondido e subalternizado. Esse ímpeto nasce de uma constatação sobre o presente e de uma tentativa de diálogo. Vive-se uma época sui generis: o alvorecer das práticas artísticas gestadas por agentes outrora subalternizados está profundamente articulado entre a ocupação de espaços (físicos, epistemológicos, estéticos e sensoriais) e uma fortuna crítica que teoriza sua produção. Torna-se necessário entender a arte nacional em outros termos, rumo a um possível novo humanismo.
IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.
Aula 1 – 9.8.2023
Introdução — Sentidos da narrativa em História da arte
Possibilidades narrativas em História da arte.
Aula 2 – 16.8.2023
Dezenove — Vinte
Artistas vinculados à Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) no final do século 19 e início do século 20.
Aula 3 – 23.8.2023
Artistas negros do oitocentos
Emanoel Zamor, Benedito José Tobias e Estevão Silva.
Aula 4 – 30.8.2023
Arthur Timotheo da Costa e a pintura da modernidade
A emergência de projetos de modernidade outros a partir da obra de Arthur Timotheo da Costa.
Aula 5 – 6.9.2023
A arte branco-brasileira
O conceito de arte-branco brasileira e a construção dos cânones na arte nacional.
Aula 6 – 13.9.2023
Modernismo da semana de 22
Uma leitura crítica a respeito das obras produzidas pelos artistas da Semana de Arte Moderna de 1922.
Aula 7 – 20.9.2023
Heitor dos Prazeres e a pintura de um Brasil profundo
A emergência de outros brasis na obra de Heitor dos Prazeres.
Aula 8 –27.9.2023
Conferência com Amanda Botelho
A obra de artistas nipo-brasileiros, como Tomie Ohtake e Manabu Mabe.
Aula 9 – 4.10.2023
Conferência com Bruno Pinheiro
O modernismo na Bahia e suas especificidades.
Aula 10 – 11.10.2023
Arte Urbana
Pixo, graffiti e outras linguagens de arte urbana.
Aula 11 – 18.10.2023
Fotografia
Breve histórico sobre a história da fotografia no Brasil.
Aula 12 – 25.10.2023
Conferência com Nohora Arrieta
As mulheres na arte brasileira contemporânea e sua ressonância na América latina.
Aula 13 – 1.11.2023
PRESENCIAL
Visita ao acervo do MASP.
Aula 14 – 8.11.2023
Arte afro-brasileira – I
Maria Auxiliadora Silva, Rubem Valentim e Yedamaria.
Aula 15 – 15.11.2023
Arte afro-brasileira – II
Rosana Paulino, Sidney Amaral e Ayrson Heráclito.
Aula 16 – 22.11.2023
Arte Indígena Contemporânea
Denilson Baniwa, Jaider Esbell, entre outro(a)s artistas indígenas contemporâneos.
Aula 17 – 29.11.2023
Novos capítulos da arte brasileira
Balanço final acerca de como a corrente historiografia sobre arte brasileira tem avançado para novas searas na busca por entender a complexidade do sistema artístico nacional.
Kleber Amancio é doutor em História Social pela USP. Foi pesquisador visitante na Harvard University (2014-2015). Atualmente é professor na UFRB, vinculado ao Cecult. Sua principal área de pesquisa é o estudo da representação negra nas artes visuais e a conformação dos cânones na história da arte brasileira.
Nohora Arrieta Fernandez é doutora em História pela Georgetown University. Sua tese investiga obras de arte sobre canaviais produzidas no Brasil e no Caribe nas últimas três décadas (1990-2018). Através de uma abordagem interdisciplinar e da combinação de análise textual e visual, entrevistas e pesquisa de arquivo, seu projeto estuda como, em sociedades tradicionais de plantação, a criação artística remodela e desestabiliza discursos sobre mercadorias, nação e cidadania negra. Nohora está editando e co-traduzindo com Mark Sanders (Universidade de Notre Dame) a poesia dos poetas afro-colombianos Romulo Bustos e Pedro Blas Julio. É colaboradora regular de revistas de arte como Artishock.
Bruno Pinheiro é graduado em Midialogia pela Unicamp e mestre em Estética pela USP, atualmente é doutorando em História na Unicamp. Em sua pesquisa, analisa as formas como pintores e escultores negros atuantes em Salvador entre 1947 e 1964 negociavam sua participação nas dinâmicas do sistema de arte moderna estabelecido na cidade frente às experiências de racismo sistemático. Entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021, atuou como pesquisador visitante no Institute of Fine Arts da New York University, sob a supervisão de Edward Sullivan.
Amanda Botelho é Graduada do Bacharelado Interdisciplinar em Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (BICULT) pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Atualmente desenvolve pesquisa de mestrado na UFRJ acerca do pintor japônes Takesada Matsutani.