No dia 16 de setembro de 2023 o MASP Professores vai promover o encontro online Direitos e cosmopolíticas. Nossa conversa será sobre as estratégias adotadas pelos povos indígenas para a conquista dos direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988, bem como sobre as interações entre as políticas indigenistas e indígenas.
Este é o quinto encontro do programa no contexto do ciclo curatorial dedicado às Histórias indígenas.
CRONOGRAMA
10H30 – 13H30: mesa redonda
13H30 – 15H: intervalo
15H – 17H: conferência
Público: profissionais da área da educação, especialmente docentes e estudantes de licenciaturas, e pessoas interessadas em geral.
Atividade gratuita, online, com tradução simultânea para Libras e transmitida ao vivo pelo YouTube do MASP.
Vagas limitadas
Debate com convidados (12h – 13h30 e 16h – 17h) e emissão de certificado de participação reservados às pessoas inscritas.
Quaisquer dúvidas e solicitações podem ser encaminhadas para professores@masp.org.br
----
CONVIDADOS
Mesa redonda: Fernanda Jófej Kaingáng, Orlando Calheiros e Gersem Baniwa
Conferência: Olinda Yawar Tupinambá
----
PROGRAMA
10H30 – 13H30
Mesa redonda
FERNANDA KAINGÁNG
Povos indígenas e o direito à cultura como política pública de resistência
Os Povos Indígenas do Brasil representam uma diversidade cultural de 305 povos, cujas línguas estão em risco de desaparecimento segundo o Atlas da Unesco sobre Línguas do Mundo em Perigo. Qual o papel da cultura de cada povo indígena para reafirmar direitos historicamente negados e construir políticas públicas a partir do protagonismo como exercício da nossa livre determinação? Quais os desafios pra proteger e promover a cultura dos povos indígenas e utilizar a diversidade cultural como ferramenta para atrair aliados para as nossas demandas? Tudo isso em um cenário tão adverso devido às pressões de interesses econômicos externos sobre a sociodiversidade e a biodiversidade presente nos territórios indígenas, que constituem as áreas mais relevantes da biodiversidade nacional e global.
ORLANDO CALHEIROS
Sob o Signo de Anhanguera (ou o Brasil e seus outros, os indígenas por exemplo)
Esta apresentação tem como intuito discutir como o Brasil se estabelece enquanto nação por meio do extermínio sistemático de seus diferentes. E que este projeto de aniquilação da diferença no seio da própria nação nunca desapareceu de seu horizonte, mesmo sob a égide de governos progressistas. O sangue do Outro é basicamente o combustível que alimenta o seu desenvolvimento. E por isso mesmo ele tem reiteradamente se mostrado incapaz de desmontar e mitigar os danos causados por essa verdadeira máquina de guerra.
GERSEM BANIWA
Direitos Humanos Indígenas e Direitos da Natureza
Os direitos humanos indígenas estão indissociados dos direitos da natureza. Isso porque os indígenas se sentem pertencentes e integrados à natureza. Assim, os direitos humanos indígenas são compreendidos como parte dos direitos da natureza, uma vez que a vida e a existência indígena dependem da natureza. Portanto a natureza é uma sujeita e detentora de direitos, enquanto uma pessoa ou entidade jurídica. A ordem moral, política e epistêmica é da natureza e não do homem. A principal característica da natureza cósmica é sua unicidade na diversidade. Não há outro ou outros mundos. Há um único mundo compreendido, experimentado e vivenciados de diferentes formas e
por diferentes sujeitos. A unicidade na diversidade da natureza funciona em base aos princípios primordiais e ancestrais de incompletude, de complementaridade, de equilíbrio, de respeito, solidariedade e intercomunicabilidade permanente e sistêmica nas relações intracósmicas, primordialmente disruptivas (desordem, tensões e disputas).
13H30 – 15H
Intervalo
15H – 17H
Conferência
OLINDA YAWAR TUPINAMBÁ
A existência do indígena no futuro
O artivismo estético e político dos povos indígenas tem ganhado cada dia mais visibilidade. Artistas de vários estados do Brasil trabalham para romper com os esterótipos e o racismo que pairam sobre nós povos indígenas. São vozes que ecoam ancestralidade e memória, que denunciam a opressão e, sobretudo, demarcam suas próprias existências. Estamos escrevendo nós mesmos as nossas próprias histórias, construindo um novo olhar em relação à imagem que a sociedade tem dos povos originários. Somos contemporâneos porque estamos vivos, vivendo no mesmo espaço, no mesmo tempo. Vivemos o tempo presente e buscamos referências no nosso passado: não é uma contradição. Estamos escrevendo a história para que possam enxergar nossa existência para além do passado: nós também somos o futuro.