22.10.2025
 

11h-11h10
INTRODUÇÃO
Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP

11h10-13h

Mesa-redonda

LAURA PRINS

Os riscos de ser artista: Vincent van Gogh e a ideia do gênio louco no século 19

Após o chocante incidente da mutilação de sua orelha, Van Gogh acreditava que provavelmente havia sofrido “um simples ataque de loucura de artista” – isso era apenas um aspecto da profissão. No século 19, era comum a crença de que gênio e loucura estavam relacionados. Porém, o significado exato desse relacionamento variava. Os médicos clínicos (os psiquiatras avant la lettre) quiseram investigar a natureza do gênio e buscaram determinar se ele poderia ser associado  a doenças mentais; qual seria o papel da imaginação e se existiria mesmo uma relação direta de causa e efeito entre criatividade e saúde mental. Os artistas, por outro lado, que se esforçavam para se tornarem gênios, perguntavam-se o quanto deveriam sofrer por sua arte e como poderiam lidar com as pressões de seu trabalho. Esta apresentação irá explorar como o próprio Van Gogh percebia suas dificuldades entre trabalho e bem-estar e como lidava com elas, em comparação com as ideias de sua época sobre a suposta relação entre gênio e loucura.
 

ALLISON PERELMAN

O olho da mente: a série Reminiscência de Brabante de Van Gogh

Entre março e abril de 1890, Vincent van Gogh pintou três telas que intitulou Reminiscência de Brabante (Museu Van Gogh, Amsterdã; Fundação Barnes, Filadélfia; coleção particular). Elaborada a partir da sua imaginação e memórias de juventude, essa série marcou o auge de um debate de anos travado entre o artista e seus pares sobre a questão da pintura “de tête” (“de cabeça”), em oposição à observação direta. Tendo defendido de maneira apaixonada ambos os lados e experimentado com ambas as técnicas, com tais obras Van Gogh finalmente obteve uma interpretação satisfatória em termos pessoais dessa preocupação vanguardista, ao evocar um local que ele associava ao conforto e à estabilidade. De modo notável, essa realização seguiu-se imediatamente ao seu mais prolongado episódio de saúde mental – como ele afirmou, “enquanto a minha doença estava em seu pior momento” –, e a série atesta sua confiança renovada e sua experimentação criativa permanente. Reminiscência de Brabante demonstra os esforços de Van Gogh para tomar a si mesmo como modelo com relação à sua identidade artística, à sua identidade nacional e à sua identidade social como um indivíduo capaz e saudável.
 

SIMON KELLY

O último médico de Van Gogh
Esta fala enfoca a relação entre Vincent van Gogh e seu último médico, Paul Gachet, que o tratou nos últimos dois meses de sua vida, em Auvers. Analisa o histórico do médico no tratamento de doenças mentais e nas publicações sobre a melancolia, além de situar sua abordagem de tratamento no contexto das atitudes mais gerais em relação às doenças mentais no final do século XIX. Como a formação de Gachet fundamentou o tratamento oferecido a Van Gogh, e o que nós sabemos sobre seus diagnósticos e prescrições para Van Gogh? Gachet pode ser, de alguma maneira, considerado responsável pelo suicídio de Van Gogh? A apresentação examina os repetidos encontros ou sessões entre os dois homens e reflete sobre as imagens feitas por  Van Gogh do doutor Gachet, da filha de Gachet, Marguerite, bem como da casa e do jardim do médico. A fala baseia-se na pesquisa sobre os artigos de Gachet, guardados no Instituto Wildenstein Plattner.

Mediação: Fernando Oliva

13h—14h30

Intervalo
 

14h30—16h

Mesa-redonda

RENSKE COHEN TERVAERT E BENNO TEMPEL

Van Gogh: Forças invisíveis visualizadas
As reflexões apresentadas nessa fala terão como foco a técnica de pintura de Vincent van Gogh de maneira relacionada ao clima típico da Provença. Condições meteorológicas como o intenso calor do verão e o mistral (um vento catabático frio e seco, que sopra na direção norte-noroeste no vale do rio Ródano e nas regiões costeiras do sudeste de França) têm efeitos profundos no bem-estar das pessoas que vivem nessa região. Em suas cartas, Van Gogh menciona o efeito dessas condições sobre seu humor e como elas são um desafio para ele, um pintor de ambientes externos. No entanto, sua obra evidencia o fato de que ele utiliza artisticamente as forças naturais em benefício próprio. As linhas e cores delirantes que foram relacionadas à sua loucura podem ser interpretadas como a visualização dessas forças invisíveis, como vibrações no ar, turbulência etc.
 

MARTIN BAILEY

Van Gogh no asilo
Como era a vida de Van Gogh no asilo de Saint-Paul-de-Mausole – e que impacto isso teve em sua arte? Um registo pouco estudado de internados do século 19 oferece uma visão única sobre seus “companheiros de infortúnio”, como ele coloca. E que efeito tiveram seu ambiente e seu estado mental sobre sua arte? Durante cerca de um terço do seu período de internamento, ele estava se recuperando de graves crises mentais. Em outro terço, fez versões pintadas de gravuras de outros artistas e, depois, suas “memórias do Norte”. Porém, no restante deste período, ele finalizou algumas de suas melhores paisagens, juntamente com naturezas-mortas e retratos. Como a arte que produziu durante aquele ano se compara com o que veio antes e com o que veio depois?

Mediação: Laura Cosendey

 

16h-17h30

Mesa-redonda

FELIPE MARTINEZ

Retratos como aparições: crise e lucidez em Arles e Saint-Rémy

Tendo como base trechos das cartas de Van Gogh e duas de suas pinturas presentes no acervo do MASP, O escolar e A arlesiana, a palestra tratará da produção de retratos do pintor durante os anos em que viveu em Arles e Saint-Rémy. Ao longo desse período, o artista enfrentou dificuldades pessoais e problemas de saúde mental. Isso não o impediu, contudo, de produzir retratos que, como escreveu em carta à irmã, “um século mais tarde surgissem para as pessoas de então como aparições”. A apresentação mostrará como essas obras combinam intensidade e estrutura, de modo a entender como a produção de retratos de Van Gogh prova que, mesmo nos momentos de crise aguda, o artista seguiu um programa lúcido de construção de uma pintura essencialmente moderna.

Mediação: Isabela Ferreira Loures


 

PROGRAM

22.10.2025

11 am – 11:10 am

INTRODUCTION
Adriano Pedrosa, Artistic Director, MASP
 

11:10 am – 1 pm

Round table

LAURA PRINS

The Risks of Being an Artist: Vincent van Gogh and the Idea of the Mad Genius in the Nineteenth Century
After the shocking ear-incident, Van Gogh believed he had probably “a simple artist’s bout of craziness” – it was just part of the job. In the nineteenth century, it was commonplace to believe that genius and madness were related. But exactly what that relationship meant varied. Medical doctors (the psychiatrists avant la lettre) have wanted to research the nature of genius and sought to determine whether genius could be associated with mental illness, what role the imagination has, and if there is even a direct cause-and-effect relationship between creative brilliance and mental health. Artists, on the other hand, who were striving to become geniuses, wondered how much they should suffer for their art and how they could deal with the pressures of their work. This lecture will explore how Van Gogh himself perceived his struggles between work and wellbeing and coped with them, compared to the existing ideas in his time about the assumed relationship between genius and madness.

ALLISON PERELMAN

The Mind’s Eye: Van Gogh’s Reminiscence of Brabant Series
In March–April 1890, Vincent van Gogh painted three canvases that he called Reminiscence of Brabant (Van Gogh Museum, Amsterdam; Barnes Foundation, Philadelphia; private collection). Composed from his imagination and youthful memories, this series marked the culmination of a years-long debate between the artist and his peers on the issue of painting “de tête” (from the mind) as opposed to direct observation. Having passionately argued both sides and experimented with both techniques, with these works, Van Gogh finally achieved a personally satisfying interpretation of this avant-garde concern by evoking a locale he associated with comfort and stability. Remarkably, this accomplishment immediately followed his longest-lasting mental health episode—as he claimed “while my illness was at its worst”—and the series attests to his renewed confidence and persistent creative experimentation. Reminiscence of Brabant demonstrates Van Gogh’s efforts to self-fashion in terms of his artistic identity, national identity, and social identity as a capable, healthy individual.
 

SIMON KELLY

Van Gogh’s Last Doctor
This talk looks at the relationship between Vincent van Gogh and his last doctor, Paul Gachet, who treated him in the final two months of his life at Auvers. It explores the doctor’s history of treating mental illness and publishing on melancholy and places his approach to treatment within the context of wider attitudes to mental illness in the late nineteenth century. How did Gachet’s background inform his treatment of Van Gogh, and what do we know of his diagnoses of and prescriptions for Van Gogh? Can Gachet be considered responsible in any way for Van Gogh’s suicide? The paper examines the repeated meetings or sessions between the two men and reflects on Van Gogh’s images of Dr. Gachet, as well as Gachet’s daughter, Marguerite, and the doctor’s house and garden. The talk draws on research into the Gachet papers, housed in the Wildenstein Plattner Institute.

Mediated by: Fernando Oliva

1 pm – 2:30 pm

Break
 

2:30 pm – 4 pm

Round table

RENSKE COHEN TERVAERT AND BENNO TEMPEL

Van Gogh: Invisible Forces Visualized
The reflections presented in this paper will focus on Vincent van Gogh’s painting technique in relation to the climate and weather typical of Provence. Weather conditions like the intense summer heat and the mistral (a cold, dry katabatic wind from the north/north-west, which blows in the Rhône valley and the coastal regions of south-east France) have profound effects on the well-being of the people living in this region. In his letters, Van Gogh mentions the effect these conditions have on his mood and how they are challenging him as an outdoor painter. Nevertheless, from his work it is evident that he uses natural forces artistically to his advantage. The delirious lines and colors that have been connected to his madness can be interpreted as visualizing these invisible forces, like vibrations in the air, turbulence, etc.
 

MARTIN BAILEY

Van Gogh at the Asylum

What was life like for Van Gogh at the asylum of Saint-Paul-de-Mausole – and how did it impact his art? A little-studied 19th-century register of inmates gives a unique insight into his fellow “companions in misfortune,” as he put it. And what effect did his environment and his mental state have on his art? For roughly a third of his time, he was recovering from severe mental crises. For another third, he made painted versions of prints by other artists and then his “memories of the North.” But for the remaining period, he completed some of his finest landscapes, along with still lifes and portraits. How does his art during that year compare with what came before and after?

Mediated by: Laura Cosendey
 

4 pm – 5:30 pm

Round table

FELIPE MARTINEZ

Portraits as Apparitions: Crisis and Lucidity in Arles and Saint-Rémy

Based on excerpts from Van Gogh’s letters and two of his paintings belonging to the MASP collection, The Schoolboy and L’Arlésienne, the lecture will address the portraits the painter produced during the years he lived in Arles and Saint-Rémy. Throughout this period, the artist faced personal struggles and mental health issues. However, this did not stop him from painting portraits that, as he wrote in a letter to his sister, “a century later showed up to the people of the time like apparitions.” The presentation will show how these works combine intensity and structure to understand Van Gogh’s portraiture as evidence that, even in moments of acute crisis, the artist followed a lucid program of constructing an essentially modern painting.

Mediated by: Isabela Ferreira Loures
 

 

 

ALLISON PERELMAN

Allison Perelman concluiu sua tese “Private Space, Public Self: Studios of the Avant-Garde in Fin-de-Siècle France” [Espaço privado, eu público: estúdios da vanguarda na França do Fin-de-Siècle] e obteve seu doutorado pela Universidade de Washington em St. Louis em maio de 2025. Antes de seus estudos de pós-graduação, Perelman atuou como pesquisadora associada especializada em exposições do século 19 no Departamento de Pintura e Escultura da Europa no Art Institute of Chicago, incluindo Van Gogh’s Bedrooms (2016) e Gauguin: Artist as Alchemist (2017). Seus textos foram publicados pelo Art Institute of Chicago, pelo Musée d’Orsay, pelo Nelson-Atkins Museum, pela Oxford University Press e pela Thames & Hudson.

 

FELIPE MARTINEZ

Felipe Martinez é doutor em História da Arte pela Unicamp, com pós-doutorado no MAC USP e na Universidade de Amsterdã. Atua como professor na Universidade de Leiden, na Holanda, na pós-graduação da PUC-SP e no MASP, onde ministra cursos regulares há mais de uma década. É autor de O Escolar, de Vincent van Gogh, publicado pela Edusp, e tradutor de Cartas a Theo, publicado pela Editora 34.

 

LAURA PRINS

Laura Prins, é professora de História da Arte na Universidade de Utrecht e obteve seu doutorado com uma tese sobre a história da relação entre criatividade e doença mental (Amsterdam UMC). Anteriormente, trabalhou como curadora e pesquisadora em diversos museus. Em 2015 e 2016, por exemplo, foi pesquisadora do projeto On the Verge of Insanity: Van Gogh and His Illness no Museu Van Gogh. Prins publica de forma regular textos sobre Van Gogh, arte do século 19 e interseções da arte com a medicina.

 

MARTIN BAILEY

Martin Bailey vive em Londres e é autor de Starry Night: Van Gogh at the Asylum (2018). Também escreveu outros livros sobre o período em que o artista viveu em Arles e Auvers-sur-Oise, assim como um livro sobre os Girassóis e outras publicações. Bailey mantém um blog semanal com base em novas pesquisas sobre Van Gogh no The Art Newspaper. Foi curador de exposições na Barbican Art Gallery de Londres (1992), na Compton Verney/National Gallery of Scotland (2006) e no Tate Britain (2019).

 

RENSKE COHEN TERVAERT E BENNO TEMPEL

Renske Cohen Tervaert é curadora do Kröller-Müller Museum, em Otterlo, Países Baixos. É mestre em História da Arte pela Universidade de Amsterdã. Especializou-se nas artes visuais do final do século 19 e início do século 20, com interesse específico em Vincent van Gogh, na história do colecionismo e no mercado de arte internacional. 

Benno Tempel é diretor do Kröller-Müller Museum, em Otterlo, Países Baixos. Entre 2009 e 2023, foi diretor do Kunstmuseum Den Haag, que inclui o Hague Museum of Photography e o KM21, um museu de arte contemporânea. Em 2019, foi curador do Pavilhão Holandês da Bienal de Veneza. Iniciou sua carreira como curador assistente (1997-2000) no Museu Van Gogh, em Amsterdã, e retornou no período 2006-2008 como curador de exposições.

 

SIMON KELLY

Simon Kelly é curador e chefe do Departamento de Arte Moderna e Contemporânea do Saint Louis Art Museum. Ele escreveu extensivamente sobre  arte francesa do século 19 e início do século 20, em particular sobre a pintura impressionista e da escola de Barbizon. É autor ou coautor de vários catálogos de exposições, incluindo Millet and Modern Art: From Van Gogh to Dalí; Degas, Impressionism and the Paris Millinery Trade; e Impressionist France: Visions of Nation from Le Gray to Monet. Seus escritos também incluem Théodore Rousseau and the Rise of the Modern Art Market (Bloomsbury Academic) e inúmeros artigos acadêmicos, que frequentemente abordam pintura de paisagem e mercados relacionados à cultura.



SPEAKERS

ALLISON PERELMAN

Allison Perelman completed her dissertation, “Private Space, Public Self: Studios of the Avant-Garde in Fin-de-Siècle France,” and earned her Ph.D. from Washington University in St. Louis in May 2025. Prior to her graduate studies, Dr. Perelman served as the dedicated research associate for nineteenth-century exhibitions in the Department of Painting and Sculpture of Europe at the Art Institute of Chicago, including Van Gogh’s Bedrooms (2016) and Gauguin: Artist as Alchemist (2017). Her writing has been published by the Art Institute of Chicago, the Musée d’Orsay, the Nelson-Atkins Museum, Oxford University Press, and Thames & Hudson.

FELIPE MARTINEZ

Felipe Martinez holds a Ph.D. in Art History from UNICAMP, with postdoctoral studies at MAC USP and the University of Amsterdam. He is a professor at the University of Leiden in the Netherlands, at the postgraduate course at PUC-SP, and at MASP, where he has taught regular courses for over a decade. He is the author ofthe book O Escolar, de Vincent van Gogh, published by EDUSP, and he translated to portugese Cartas a Theo, comprised of Van Gogh’s lettepublished by Editora 34.
 

LAURA PRINS

Laura Prins, is a lecturer in Art History at Utrecht University and obtained her Ph.D. with a dissertation on the history of the relationship between creativity and mental illness (Amsterdam UMC). Previously, she worked as a curator and researcher in several museums. In 2015-2016, for instance, she was a researcher on the project On the Verge of Insanity: Van Gogh and His Illness at the Van Gogh Museum. Prins publishes regularly about Van Gogh, nineteenth-century art, and crossovers between art and medicine.
 

MARTIN BAILEY

Martin Bailey is the London-based author of Starry Night: Van Gogh at the Asylum (2018). He has also written separate books on the artist’s period in Arles and Auvers-sur-Oise, along with a book on the Sunflowers and other publications. Bailey writes a weekly blog on Van Gogh for The Art Newspaper, based on fresh research. He has curated exhibitions at London’s Barbican Art Gallery (1992), Compton Verney/National Gallery of Scotland (2006), and Tate Britain (2019).
 

RENSKE COHEN TERVAERT AND BENNO TEMPEL

Renske Cohen Tervaert is curator of the Kröller-Müller Museum, Otterlo, in the Netherlands. She holds an M.A. in art history from the University of Amsterdam. She specializes in the visual arts at the end of the nineteenth and early twentieth centuries, with a specific interest in Vincent van Gogh, the history of collecting, and the international art market. 

Benno Tempel is director of the Kröller-Müller Museum, Otterlo, in the Netherlands. Between 2009 and 2023, he was director of the Kunstmuseum Den Haag, which includes The Hague Museum of Photography and KM21, a museum for contemporary art. In 2019, he curated the Dutch Pavilion of the Venice Biennale. Tempel started his career as an assistant curator (1997-2000) at the Van Gogh Museum in Amsterdam and returned in 2006-2008 as curator of exhibitions.
 

SIMON KELLY

Simon Kelly is Curator and Head of Department of Modern and Contemporary Art at the Saint Louis Art Museum. He has written extensively on 19th and early 20th-century French art, particularly Impressionist and Barbizon painting. Kelly is the author or co-author of several exhibition catalogues, including Millet and Modern Art: From Van Gogh to Dalí; Degas, Impressionism and the Paris Millinery Trade; and Impressionist France: Visions of Nation from Le Gray to Monet. Other writings include Théodore Rousseau and the Rise of the Modern Art Market (Bloomsbury Academic) and many scholarly articles, often with a focus on landscape painting and cultural markets.