MASP

Lyz Parayzo

Bixinha, 2018

  • Autor:
    Lyz Parayzo
  • Dados biográficos:
    Rio de Janeiro, Brasil, 1994
  • Título:
    Bixinha
  • Data da obra:
    2018
  • Técnica:
    Alumínio
  • Dimensões:
    45 x 45 x 45 cm
  • Aquisição:
    Doação da artista, no contexto da exposição Histórias das mulheres, histórias feministas, 2019
  • Designação:
    Escultura
  • Número de inventário:
    MASP.10983
  • Créditos da fotografia:
    Eduardo Ortega

TEXTOS



Em Bixinha (2018), Lyz Parayzo materializa reflexões sobre a história da arte brasileira, as violências e as táticas de resistência vivenciadas por corpos transexuais, não normativos e identidades dissidentes. Esta obra extrapola, por vezes, sua condição de escultura, podendo ser utilizada também como “arma” de defesa em diversas performances da artista. Anteriormente a essas esculturas, Parayzo criou uma série de adornos para serem usados cotidianamente, as joias bélicas. As extremidades cortantes e a aparência agressiva, tanto das joias quanto das Bixinhas, são respostas aos processos de violência e as subsequentes estratégias de defesa aos quais estes corpos são submetidos. Composta de círculos de alumínio cortados, dobrados e encaixados, esta obra é também uma referência direta aos Bichos, de Lygia Clark (1920‑1988) — esculturas participativas e modulares que podem ser manipuladas com a finalidade de alterar sua forma inicial. Os Bichos são obras emblemáticas da produção Clark e do movimento neoconcreto, que surgiu no Rio de Janeiro no final dos anos 1950. Em sua interpretação orgânica da abstração geométrica, Clark circunscreve, na junção das peças, as formas esqueléticas de um “bicho” e, nas dobradiças, sua coluna vertebral, transformando um conjunto de chapas de metal em seres sem forma ou dimensões fixas. Visando provocar a interação entre o público e o objeto, levando em conta a percepção sensorial e a intuição, Clark combatia a ideia de uma abstração geométrica puramente racional e industrial. Em Bixinha, Parayzo recusa a suposta passividade que os Bichos manipuláveis de Clark poderiam sugerir. A Bixinha busca afastar, não atrair; manipulá‑la tem aqui um efeito contrário. O suposto uso carinhoso do termo “bicho” no diminutivo e no feminino e ainda uma forma pejorativa de apelidar homens “afeminados”. Ao empregá‑lo como título de sua obra, a artista fricciona estereótipos atribuídos a essa feminilidade, subvertendo uma suposta docilidade desses corpos.

— Isabella Rjeille e Amanda Carneiro, curadoras assistentes, MASP, 2019

Fonte: Adriano Pedrosa, Isabella Rjeille e Mariana Leme (orgs.), Histórias das mulheres, Histórias feministas, São Paulo: MASP, 2019.



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