Por Olavo Barros
No contexto das comemorações pelos 50 anos da Semana de Arte Moderna de 1922, o MASP exibiu, entre maio e julho de 1972, a mostra ‘Semana de 22: antecedentes e consequências’. Curada por Pietro Maria Bardi (1900-1999), diretor fundador do museu, a exposição buscava, para além de refletir sobre os antecedentes e as consequências do evento de 1922, reconstituir o espírito da década de 1920 na cidade de São Paulo por meio de objetos, máquinas, vestuários, móveis, recortes de jornal, fotografias e diversos outros artefatos. Com isso em mente, Bardi decidiu ocupar o vão livre do MASP com a montagem do Circo Piolin, nome do palhaço considerado um marco da cultura popular para a época. A atração de grande apelo ao público contava com sessões diárias e reconstituía o circo nos mesmos moldes de 1922, quando tinha lugar no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. Naquela década, o Circo Piolin era assiduamente frequentado pelos realizadores da Semana de Arte Moderna, como Anita Malfatti (1889-1964), Mário (1893-1945) e Oswald de Andrade (1890-1954), Menotti Del Picchia (1892-1988), entre outros. Nas palavras de Oswald, o palhaço Piolin era o ‘verdadeiro artista popular’. Acerca do episódio, diversos foram os registros: além de fotos, há um croqui para instalação do circo assinado por Lina Bo Bardi (1914-1992) e a pintura ‘Circo Piolin no vão do MASP’, produzida naquele mesmo ano por Agostinho Batista de Freitas (1927-1997) e que hoje integra o acervo MASP. Lançado pelo MASP à ocasião da mostra dedicada ao artista em 2017, tais registros estão compilados no livro ‘Agostinho Batista de Freitas, São Paulo’.
— Olavo Barros, analista de Comunicação, MASP, 2022