José Antonio da Silva foi um artista autodidata. Aos 22 anos, mudou‑ se para São José do Rio Preto, no interior do estado de São Paulo. Lá, participou da exposição de inauguração da casa de cultura da cidade, em 1946, espaço que hoje leva seu nome — Museu de Arte Primitivista José Antonio da Silva. Pietro Maria Bardi (1900-1999), diretor fundador do MASP, conheceu seu trabalho em uma exposição na Galeria Domus, onde adquiriu obras para a coleção do museu. As pinturas de Da Silva foram premiadas na 1ª Bienal de São Paulo (1951) e estiveram na 33ª Bienal de Veneza (1966). Embora também tenha pintado autorretratos e cenas religiosas, seus grandes temas são relacionados ao campo — a lavoura, os animais, os trabalhadores, as casas, frequentemente inseridos na paisagem. Em Colheita de algodão, seis personagens em primeiro plano trabalham como se estivessem num palco de teatro, organizando os montes de algodão. Ao fundo, o branco da plantação traça diagonais que chegam ao horizonte, dissipando‑ se no céu. A maior parte da cena é ocupada pela lavoura e por árvores secas; o trabalho na roça parece oprimir os horizontes.
— Equipe curatorial MASP, 2015