MASP

José Pancetti

Farol da Barra – Musa da Paz, 1950

  • Autor:
    José Pancetti
  • Dados biográficos:
    Campinas, São Paulo, Brasil, 1902-Rio de Janeiro, Brasil ,1958
  • Título:
    Farol da Barra – Musa da Paz
  • Data da obra:
    1950
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    22 x 73 cm
  • Aquisição:
    Comodato MASP B3 – BRASIL, BOLSA, BALCÃO, em homenagem aos ex-conselheiros da BM&F e BOVESPA
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    C.01228
  • Créditos da fotografia:
    MASP

TEXTOS



Tendo vivido na Itália desde os onze anos, José Pancetti trabalhou na Marinha mercante daquele país e, ao voltar ao Brasil em 1920, na Marinha de guerra brasileira, onde permaneceu até 1946. Foi na década de 1930 que pintou suas primeiras telas, muitas delas a bordo de embarcações ou nos cais por onde passava. Nota-se o caráter inusitado de sua pintura desde o início, tanto nas vistas compostas a partir de enquadramentos singulares, quanto nos elementos condensados do cenário observado. Pancetti desenvolveu-se como pintor de paisagens, retratos, autorretratos, naturezas- -mortas e marinhas, tema em que se destaca na história da pintura brasileira. Retratou vários pontos da costa brasileira, em especial o litoral fluminense, e fixou residência em diversas cidades da região Sudeste. Em 1950, mudou-se para Salvador e, a partir de então, passou a pintar a cidade e seus arredores — a praia de Itapuã, o farol da Barra e a lagoa do Abaeté —, realizando numerosas representações de cada uma dessas localidades, que variam na intensidade da estilização. No decorrer da carreira do artista, as suas pinturas marinhas tornaram-se mais limpas, concentradas no estudo das tonalidades da areia, do céu e do mar, e povoadas por outros poucos elementos da paisagem e seus personagens, como se vê em Farol da Barra – Musa da Paz (1950). Nesta tela, Pancetti explorou as tonalidades e os detalhes principalmente das areias da praia da Barra, cuja perspectiva foi construída por meio de um formato circular. Destaca-se a maneira como a espuma das ondas foi retratada, por meio de marcas horizontais esbranquiçadas sobre os azuis do mar. As rochas foram pintadas com pinceladas paralelas e chapadas, emulando certo volume dentro da pintura. Vale mencionar que o título desta obra é, possivelmente, apenas Farol da Barra, já que Musa da Paz é o nome da série de pinturas que o pintor realizou no período.

— Guilherme Giufrida, assistente curatorial, MASP, 2018

Fonte: Adriano Pedrosa, Guilherme Giufrida, Olivia Ardui (orgs.), Da Bolsa ao Museu – comodato MASP B3: arte no Brasil, séculos 19 e 20, São Paulo: MASP, 2018.




Por Guilherme Giufrida
Como antropólogo e curador, me interesso muito pela vida dos objetos. É fascinante ver as imagens da chegada das primeiras obras ao MASP no início da formação do acervo — a descida do avião, a recepção no porto, a foto estampada nos jornais, como celebridades. Meu primeiro trabalho na curadoria do museu foi na mostra Da bolsa ao museu, Comodato MASP B3, por ocasião do empréstimo por 30 anos de 65 obras pertencente às Bolsas de Valores, reunidas na B3. Várias pinturas de alguns ícones da arte brasileira do século 20, como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Pancetti e Guignard, vieram aprofundar e complementar a coleção brasileira do museu, que historicamente havia privilegiado a aquisição de arte europeia. Numa das primeiras visitas, a equipe do museu fez fotos das salas de reunião da Bolsa no centro de São Paulo, ainda com as obras nas paredes, mostrando onde cada uma era exposta e de que forma testemunharam por décadas muitas das principais decisões financeiras do país. Hoje, as pinturas são apresentadas nos cavaletes de vidro no MASP, para um público muito mais amplo. Ao vê-las ali, junto a outras centenas de obras do museu, especulo sobre as outras paredes (ou suportes) por onde passaram, que cenas e eventos presenciaram silenciosas, até finalmente chegarem ao MASP.

— Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP, 2020

Fonte: Instagram @masp 26.04.2020



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